quarta-feira, novembro 24, 2010
Uma certa conversa...
-Oi!
-Como cê tá?
-Você tem tempo pra ouvir a resposta?
-Tô meio atrasado. Só queria mesmo saber se você tá bem.
-Se quer mesmo saber, as vezes eu até fico bem. E você?
-Vivendo.
-Me ensina?
-O quê?
-A viver sem esse nós.
-Temos que um dia conversar sobre isso. Deixa eu cicatrizar.
-Me ajuda a parar de sangrar então que eu espero.
-Eu preciso mesmo ir.
-É o que você sempre faz. Vai!
-Como assim? Alguns poucos minutos e já julgando?
-É ou não é o que você sempre faz quando eu quero conversar?
-Quando é sobre isso eu realmente não quero prosseguir.
-Isso, mandou dizer que tá bastante fragilizado, mas topa mais algumas doses cavalares de nós.
-Você e seus dramas.
-Você e suas fugas.
-Vai ver por isso a gente se afastou.
-Será?
-Por isso que eu acho que a gente precisa conversar...
-Até o fim ou é pra começar e parar quando ficar difícil pra você?
-Preciso que você entenda: Você significa muito pra mim. E eu estou precisando tanto de você...
-Eu também preciso que você entenda que você faz parte do meu mundo, que eu preciso desabafar e discutir esse nós com você até o fim, e dessa vez você deixando as coisas simplesmente acontecerem...
-Te quero bem viu?
-Te quero como vier.
-Esse nós não tem nos feito bem.
-Essa pausa nossa tem me consumido. Eu sei que a gente volta, só não suporto o silêncio desse espaço no meio.
-Sinto falta também.
-Sinto um bocado de coisas... Boas e más.
-(baixinho) Eu só sinto falta de sentir você...
-O que você disse?
-Disse que a casa sente a sua falta.
-É estranho mesmo não ter acesso livre lá.
-Você tem, sempre terá e sabe disso.
-Você é mesmo estranho, a gente mal se vê. Você nunca está aberto o suficiente para conversar comigo. Se é que está assim agora.Como eu vou entrar naquela casa com todo esse contexto?
-Estou conversando não estou?
-Só até quando não houver pressão.
-Eu não sou assim como você me pinta.
-Eu sei que tende a ser muito mais ou até muito menos do que eu imagino. Você sempre tão trancado me admira muito conhecer tanto.
-E você conhece. Com certeza a que mais conhece, por isso fico triste quando você manipula o que sou a teu bel prazer.
-Sempre estou fazendo besteiras né? E você sempre é a vítima. Será que um dia muda?
-Espero que o amor que sentimos um dia estabeleça uma trégua.
-Espero que você me deixe aconchegadinha no lugar que escolhi pra mim dentro de você.
-Espero que você um dia se mude em mim, e queira ficar num lugar mais nobre.
-Estou em você, e até me confundo as vezes.
-Sinto isso também.
-"O tudo" que eu posso te dar nunca é suficiente pra você.
-Você não quer conversar sobre isso aqui e agora né?
-Não. Quero esperar mais um 8 anos até doer menos. Até deixar de senti. Até que esse nós se acabe depois de uma morte natural.
-Você fala como se fosse trágico.
-Não, não é. É drama, dramalhão barato. É comédia boba. É o que todo mundo vive todo dia entre às 06 da manhã e às 5 da tarde. Porque o que a gente tem já aconteceu tantas vezes né? Com tantas outras pessoas. É um tremendo dum clichê!
-Não quis dizer isso sua boba. É a maior relação que tenho vida.
-No meu caso é a minha própria vida. Porque eu não sei ser eu mesma sem ter você por perto como espectador assíduo da minha vida. Porque as coisas precisam ser divididas, porque pr'eu conseguir pensar melhor eu só preciso poder conversar com você sem amarras sem julgamentos.
-Eu vou estar sempre.
-Será?
-O que eu preciso fazer para você acreditar em tudo que eu já disse e fiz até hoje para preservar o que temos, mesmo que eu não seja a pessoa da sua vida, peça chave do seu plano de família. Mesmo que eu nunca consiga suprir totalmente as minha necessidade de você. Eu quero de você o que vier, o que você me dar. Você entende?
...
-Entendo. Entendo também que você nunca vai parar de cobrar, mesmo sabendo que essa é a única forma de continuarmos, a única forma de dar certo. olha sou eu agora que não conversar, qualquer dia a gente se bate nesse mesmo corredor. Um dia que estiver mais cicatrizada. Tchau.
-Ei, espera! Agora você vai me ouvir. Você não pode ir embora assim sem saber que eu quero ser hoje e por muito tempo exatamente o que eu represento pra você sem cobranças, eu entendo esse nosso jeito de interagir, pelo menos acho que entendo. E aceito, e quero muito viver isso e todas as doses possíveis desse nós.
-Sério? Eu senti tantas saudades... Vem cá me dar um abraço.
sexta-feira, novembro 05, 2010
Tenho um milhão de coisas pra conquistar e eu não posso ficar aqui parada.
Um mundo que se remonta todos os dias diante dos meus olhos, do lado de fora do meu apartamento minúsculo entulhado de livros e histórias loucas do passado, sonhos pro futuro e um amor de muitas vidas, o meu companheiro amigo-urso. Eu hoje conheço o prazer de dividir-confundir a minha vida com tantas coisas e pessoas, entendo que não possuo ninguém e compreender isso é revelador para um bando de coisa que eu ainda pretendo na vida. E eu pretendo tanta coisa... Não faz ideia.
Infelizmente eu ainda não perdi essa mania besta de escrever sobre isso, sobre esse nós rasgado e sujo, que hoje é tão alheio a você como a cotação do dólar é a mim. Eu te aceito, ou melhor, não te esqueço, não te deixo ir embora porque mesmo sem ter ido definitivamente já me faz a maior falta. E você? Onde está no meio disso que vivemos e vivo? Você simplesmente não está. Se é que já esteve além do corpo presente, uma noite e outra e algumas meias verdades. Mania que eu vou tirar de mim um dia. Porque eu já disse pretendo viver umas outras coisas que estão por aí só aguardando esse espaço que você ocupa e não cuida, não trata e que se depender de você morre. Mas esse você em mim independe de você e é só por isso que existe.
Quero andar de bicicleta por aí sem me preocupar, quero tecer novos planos, organizar as ideias, continuo querendo gritar de dor-de-mundo, ler, ouvir, crer e há tão pouco tempo para fazer tudo isso. Mas eu quero, de algo jeito meio louco, eu vou fazer algumas ou todas essas coisas, no meu tempo, do meu jeito porque você não existe mais, porque você já está de dias contados a muito tempo, você vai de vez. Vai sim.
Até a saudade vai junto. Mesmo que da boca para fora.
quarta-feira, outubro 27, 2010
Como se grita?
GRITAR, Gritar a vida, e todas as realizações desse ano, tudo o que aprendi e que está sendo decisivo nessa minha nova crise de dores-fortes-diárias-insuportaveis. Gritar essa dor que não passa, que não decide onde fica, e que não diz ao que veio. Gritar o meu novo jeito de encará-la com menos lágrimas e mais concentração. A resposta está in não out. E é só minha. Só eu preciso aprender a domá-la, aceitá-la e quando puder mandá-la para longe de vez. A dor sempre vem pra gente lembrar da força que há dentro de nós. Do que somos capazes de suportar e das coisas mais secretas, dos traumas mais poderosos que ainda possuímos.
Eu voltei a viver com a dor diárias de antes. Estou no meio de uma crise dela. Só que mais sábia, mais forte e com mais controle sobre o meu corpo e isso já é por si só um grande feito. Não há cura, e dessa vez sem alopatia e fugas, a dor será vivida, combatida e aniquilada um dia por vez.
domingo, outubro 03, 2010
Porque eu não sei sentir diferente
Não sei fingir que não estou com raiva, que não me incomoda, que dá pra deixar passar quando não dá. Eu tenho, por causa de uma vontade que independe de mim, de ser sincera de falar, gritar e interagir até que aquele incomodo passe, até que eu volte a respirar. Só sei sentir por inteiro, tudo que sou sente, tudo que me compõe. Não sei ser metade.
segunda-feira, setembro 13, 2010
Sobre o encantamento e até a falta dele
Sou feira dia de sábado, chão sujo, gritos, cheiros e sabores. Sou a intensidade do que eu vivo, do que leio. Das minhas observações tiro as minhas felicidades cotidianas. Meu jeito de ver a vida muda todos os dias dependendo do humor que tenho quando acordo, isso me mantém no pique para suportar a vida que levo atribulada com tanto trabalho. Tenho dias de pânico, onde o sofrimento alheio me doí muito e eu me sinto pequena e fraca. Tive isso no ônibus outro dia, chorei copiosamente por não possui as minhas próprias respostas, quanto mais o que faz tanta gente sofrer de tantas formas. As vezes acordo boba admirando o silêncio que eu quase nunca me permito vivenciar, saio de casa com raiva da chuva, me irrito com o ônibus cheio, chego no trabalho e faço todo mundo rir pra não enlouquecer de tédio. Almoço na rua. Vou para o segundo emprego e tento não dá com a cara no monitor de tanto sono. Volto pra casa num outro ônibus cheio ouvindo música e cantando baixinho. Visto o casaco, fecho o guarda-chuva e desço do ônibus uma quadra antes de casa pra aproveitar a chuva.Tem horas que me pego pensando que eu não tenho a mínima ideia de onde essa inquietação e esse encantamento vai dar, ou o quanto ele vai durar.
quarta-feira, setembro 08, 2010
Sobre o que me compõe
Amontoou pessoas, histórias, ex-namorados, irmãos, amigos e até um pouquinho mais, palavras, músicas, autores e livros. Amo a ideia de ser caixa vazia, de não possuir divisórias e poder suportar qualquer tamanho. Qualquer entrega. Quero continuar defendendo com atitudes e gestos - sutis-ou não - que o amor pode ser redimensionado.
Que o amor para ser vivido tem que ser compreendido em sua essência e tudo começa com o respeito. O respeito é a base de qualquer tipo de amor - mesmo que seja clichê é a grande verdade - que o amor redimensionado pode ser remédio para curar passado doído, pode ser alicerce pro futuro desconhecido. O amor nunca é à toa. O amado da gente (seja o que/quem for) é pra sempre da gente, daquele jeitinho particular que a gente criou, internalizou e desejou que fosse. Porque também há essa possibilidade: de o amor não ser o que a gente vê. Não é obrigação do outro, nem nós mesmos podemos ser coagidos a tornarmo-nos o que o outro espera da gente.
O amor veem dentro de um caminhão desenfreado, ou da sutileza da brisa da primavera e nunca do que a gente espera. Do que nós pensamos que o diferencia. O amor é alheio e ainda sim parte de nós de uma maneira inexplicavelmente intensa.
Não sei explicar como todas essas pessoas e coisas tão especiais e significativas vivem amontoadas dentro de mim, da mesma maneira que eu não saberia explicar porque não consigo viver sem todas elas. O amor guardado, o amor vivido até o osso, o amor de irmão, o amor interrompido, o redimensionado, todos eles se fundem e me compõem. Eu sou o amor, o resto são só ossos e entranhas. E claro, eu só existo sendo palavra mais aí é outra história.
terça-feira, agosto 31, 2010
No casulo.
Engraçado isso vir de pessoas que me conhecem tanto e que sabem que eu não sei fazer isso. Não sou capaz de simplesmente seguir a fila. Mesmo que eu um dia eu me arrependa, que eu esteja perdendo a "oportunidade de me formar com a galera" - que galera mesmo? Se eu não consigo me ver fazendo parte daquilo! - essa decisão foi a mais acertada dos últimos tempos. Consegui restabelecer uma conexão comigo mesma que a tempos estava perdida, isso de me sentir in, não out, tem me feito TÃO bem.
Ficar sozinha em casa a noite lendo um livro, dormindo, comendo, lavando roupa, sonhando, planejando, ruminando passados distantes tem sido tão agradável quanto. Na verdade nem se compara.
Já ouvi tantas coisas sobre isso, tipo: "A mulher moderna FLávia estuda, faz graduação, pra ter grana pra pagar alguém pra tomar conta da casa e dos guris". Já ouvi gente que eu respeito muito enfiar o pé na jaca falando com um preconceito burro de quem nem para pra pensar no que acredita de vez em quando. Essa decisão que já foi tomada só diz respeito a mim, ao que eu preciso no momento.
Cada dia que passa onde eu aprendo a ficar mais tempo calada, apenas ouvindo meus pensamentos, meus desejos mais íntimos, meus sonhos reprimidos, o meu ideal de vida eu aprendo mais sobre mim, sobre o meu lugar no mundo e principalmente de qual grupo de pessoas eu não faço parte.
Esse tipo de amadurecimento não vem com a idade não. É necessidade para alguns.
Pra um bando de gente eu sei que é.
sexta-feira, julho 23, 2010
Me aqueça. Me vira de ponta-cabeça...*
"Eu não quero ter vergonha de nada que eu seja capaz de sentir."*
Há algum tempo atrás compramos juntos um casaco pra mim. Adorávamos ir juntos comprar qualquer coisa. Andar, discutir, conversar, resolver... lembro que no mesmo dia eu passei 40 minutos tentando convencer-te que eu merecia aquele par de "pantufas arco-irís de cano-alto" para combinar com o meu jeito desleixado de rodar pela casa a noite por causa da insônia. Depois o chopp e o papo descompromissado de fim de tarde, e nenhum indício que aquela seria uma das nossas últimas conversas... Sinto tanta falta de ver-te, de conversar sobre qualquer coisa. Tenho recebido umas ligações desconhecidas, não dizem nada, seria tão bom se fosse você do outro lado da linha, se do nada falasse como se não houvesse todo esse tempo e distância entre nós. Porque para as minhas lembranças esse tempo realmente não há.
Mesmo que todos digam que acabou. Que não há mais a amizade de antes, que não faz sentido esperar, sabe, eu ainda espero, espero que o interfone toque avisando que você está na portaria e veio me fazer uma surpresa, mesmo que eu saiba que você não sabe meu novo endereço. Na verdade você ignora esse meu novo endereço, essa minha nova vida.
Eu espero um email longo contando novidades, mesmo que eu também saiba que você não é muito dado a emails e conversas virtuais. Eu fico esperando de você coisas que eu sei que não virão, é porque eu já cansei das suas obviedades, do seu "eu previssível" e queria tanto conhecer um novo você cheio de vontade de mim, quase como o você de antes o da compra do casaco, da discussão das pantufas, do chopp, o você que eu deixei dormindo num colchão no chão da casa da Manuh depois daquela noite de Rua da cultura.
Que aquele casaco não significa um adeus, um acalento concreto, um não a amizade que tinhamos, que não existam significados velados.
*Rita Lee
*Caio Fernando Abreu
quinta-feira, julho 01, 2010
Os caminhos são individuais/ intransferíveis*
Com o nosso companheiro a gente dividi os dias, os acontecimentos, as histórias, as coisas simples, um conselho, uma decisão tomada, uma opinião. Porém no fim, quando é sobre o nosso íntimo, sobre o que somos o caminho escolhido é ,apesar de muita conversar sobre (com qualquer pessoa), uma decisão só nossa. Tem que ser só nossa. E isso também deve acontecer com o nosso companheiro, com nossos pais e amigos.
Eu amo muito quem me acompanha. E isso não é uma novidade, mas só isso não diz tudo que ele representa para mim. Outro dia num fim de tarde tive vontade de ligar para ele para declarar-me diferente, eu queria ligar e só dizer: Eu te respeito muito! Assim sem grandes explicações, sem mais... Aquilo de respeitá-lo era tão sagrado pra mim, tão nobre e bonito.
Eu o respeito muito, essa é uma grande verdade. Respeito o sentimento que ele tem por mim sem exigências e metas, o caminho que ele segue para formar o ser que ele quer ser, construindo-se dia após dia, as suas vontades e desejos porque eles também fazer parte da pessoa que ele é, os seus planos individuais e os que ele divide comigo, suas preferências, seu caráter e sua ideologia. É só assim, entendendo que respeito tudo isso e outro tanto de coisas, que consigo dizer o "Amo'cê" diário com o coração livre de dúvidas e em sua completude de razões.
Amar por amar, todo mundo ama (diz que ama), porém, será que todo mundo respeita o outro e quem ele é? Será que me respeitam?
Só posso falar de mim e eu exercito todos os dias o meu respeito ao próximo. Principalmente aos muito próximos.
*Caio Fernando Abreu
quarta-feira, maio 12, 2010
Gosto.
Gosto de intervalos. de sonhar em conjunto. de não realizar e sonhar 1 milhão de coisas depois. de pintar. de palavras. de intensidade. Gosto de ler, ou melhor amo. Gosto de conhecer gente através de palavras. de gente que domina palavra. de internet, da possibilidade. Gosto de mudar. Gosto de por instante não ser. Gosto de permanecer. Gosto de poder escolher, não dá escolha propriamente dita. Gosto de sorvete. Gosto de comer e pronto, não dá pra classificar. Gosto de ficar quietinha. Gosto de pegar a bicicleta e sair sem destino. Gosto de longas caminhas. de movimento.
gosto de tanta coisa que no momento não tenho tempo pra fazer...
sexta-feira, abril 23, 2010
Tentado colocar ordem aqui dentro.
Eu sei que ando por aí me arrastando pelos cantos, sei que tenho ficado sozinha demais, que quando falo muitas vezes devaneio e sou cruel, sei também que eu tenho racionalizado tudo e que as emoções - meio que tiraram férias -, porém vejam bem, no meu último tombo feio (do qual ainda me recupero) eu não estava racionalizando as coisas - puta-que-pariu foi um tropeço do caralho - e tudo isso aconteceu porque eu estava muito envolvida 'como-só-eu-sou-capaz-de-fazer' sem calcular em que altura exatamente eu estava rodopiando de olhos vendados.
Não sou de defender a frieza, não acho que é o melhor caminho calcular tudo, ponderar sempre, quem me conhece sabe, gosto das coisas feitas por impulso, me apaixono sempre e por quase todo mundo que tem brilho no olhar, só que o tempo não está bom pra sair e tomar banho de chuva, não está bom pra se apaixonar pelo brilho de ninguém.
Eu estou organizando as coisas aqui dentro novamente, estou tentando achar um cantinho estratégico onde eu possa colocar uma jaula pra trancar essa minha mania de ir tão fundo nas pessoas, de deixar que elas entrem em mim e me conheçam a ponto de me sabotar. Eu preciso me proteger de mim, colocar essas minhas emoções intensas de castigo até segunda ordem.
Preciso digerir e ao mesmo tempo de algo que me entretenha durante esse período. Preciso também não enlouquecer remoendo essas coisas que me doem tanto.
A verdade mesmo é que preciso dar um tempo nesse livro que ainda me deprimindo assim.
sexta-feira, março 26, 2010
Sem dúvida alguma (momentaneamente claro!)
Mudei o jeito de ver a vida e consequentemente de vivê-la. Tenho preocupações que antes não tinha, afazeres, obrigações e um monte de coisa que deveriam ser bem chatas e não são. Não são porque eu me preparei para elas, foi no tempo certo, na hora que eu quis assumir essas responsabilidades, não porque fui obrigada a fazê-las. Vivo dias curtos, e ainda sim muito felizes, vivo num lar de respeito ao outro, de cumplicidade mútua, de admiração, de amor. Vivo com quem escolhi viver, e faço o quero sem barreiras e cobranças ridículas, no meu tempo, como deve ser.
Sendo assim, estou/sou muito feliz vivendo a vida que escolhi viver, compartilhando do jeito que escolhi compartilhar e com quem escolhi. E sobre isso não há dúvidas. Caramba?! Isso sim é assustador eu que sempre duvido de tudo sempre, ando não duvidando de muitas coisas...
quinta-feira, março 11, 2010
Sobre o pseudorelacionamento com o menino-bobo-dos-sonhos ou Vivendo e aprendendo a jogar
Então aquele menino com cara de sujo, de poucos amigos e esquisitão, ficou tão lindo refletindo nos meus olhos e tudo que deveria ter feito com que em me afastasse acabou virando charme. E uns amigos diziam, não se mete com ele, ele é mais problématico que você. E eu quase suspirava alto.
Eu sonhei dias, noites, muito muito tempo com ele. E se dividi horas com ele foi muito. Claro que pra mim foram eternas, claro que eu via estrelas no céu, parecia feriado, festa na praça central era o que eu queria sentir. E era o que sentia.
Eu amei sozinha, achei que nunca mais aquelas lembranças se tornariam brandas, eu que nunca consegui gravar muito dos outros tinha a imagem dele tatuada na minha retina. Como esse amor não correspondido me ensinou. Muito mais que os vividos intensamente antes dele. Lições para a vida toda.
Aprendi que o amor nasce em mim, pode crescer e enraizar no outro ou não. Que ninguém é obrigado a amar o outro por pena. Que mesmo que o encontro seja lindo e pareça final de filme de sessão da tarde o outro alguém pode não se comover como você. E o principal, aprendi que a felicidade não depende da realização de um sonho lindo de amor-eterno-com-um-desconhecido-bem-posicionado, a felicidade a dois surge depois que a pessoa envolvida e conhecida, internalizada, compreendida e respeitada. E na minha relação com esse menino-bobo-dos-sonhos nunca existiu respeito.
Demorou muito pr'eu poder visualizar esse pseudorelacionamento desse modo. Precisei de experiências concretas que derrubaram aquelas paredes tão fortes que eu crie em volta dele. De alguém que trouxesse algumas sementes e plantasse um imenso e lindo jardim.
terça-feira, março 02, 2010
Percebi.
Eu sou feliz. Dei-me conta disso às quatro da tarde de um dia chuvoso, por ter amado a todos com tudo que podia, por ter ido até onde nem os meus olhos alcançavam, por ter dado até aqueles restinhos de amor que ficam nos cantos. Hoje sei que dei o que era necessário. Nem mais, nem menos, nem.
Amei cada um como se fizesse uma oração por todos juntos. Em cada pôr-do-sol de tirar o fôlego. Em cada amanhecer na praia. Todas as vezes que inesperadamente quase pisei numa flor que surgiu no meio do caminho como uma espécie de presente, agradeci os instantes divididos e inesquecíveis.
Desde pequena, sempre que eu me sinto muito feliz, sempre que sinto aquele cheiro mágico de momento único no ar, faço uma panorâmica. Tento reter tudo que pode me fazer lembrar dali a muitos e muitos anos aquele instante que não viverei mais. Eu nunca consegui aceitar sem queixas que um dia eu esquecerei tudo. Como minha avó que no fim da vida não era capaz de pronunciar palavra alguma nem lembrava de ter feito isso um dia ou a importância que isso tinha.
Como poderia esquecer todas as conversas reveladoras que tive, todos os amigos-irmãos de alma, todos os amores inesquecíveis. Como?
Como poderia ter vivido essa vida sem ter amado a todos que amei, sem ter vivido tudo que ela tinha para me oferecer. Dos presentes que essa vida me proporcionou o que foi mais delicioso viver foi o amor. Todos os tipos. Aqueles que surgiram da admiração mútua. Aqueles que transbordaram da amizade. Aqueles que só tinham explicação na carne. Aqueles que só existiram nos sonhos. Os que surgiram sutilmente. Os avassaladores. Aqueles que sem os quais a vida não faria sentido. Aqueles que depois de tudo deram sentido a minha vida. Eu fui o amor. Eu sou.
Principalmente o amor que dedico à palavra. E toda a emoção que ela me dedicou por toda a vida. A minha maior devoção. A única.
Amei. Amigos. Idéias. Livros. Telas. Filmes. Fotografias. Movimento. Dança. Música e músicos. Autores. Completos Desconhecidos. Noites. Dias. Tardes. Segundos. Amei quase sem querer tudo que passou pelos meus olhos, tudo que por mim foi pronunciado. Tudo que faz com que o amor ainda exista em mim.
Peço à força que movimenta o mundo e proporciona tudo, que eu não perca as minhas lembranças quando a velhice me encontrar. Que as lembranças que as pessoas que convivi possui de mim não sejam descartadas quando desaparecer, elas são a minha própria vida. Que as palavras não me abandonem nunca. Que os amigos-irmãos-de-alma sejam eternos. Que a alma para sempre transborde de amor, para que cada dia eu ame mais e mais mesmo que isso me deixe um pouco zonza, confusa, e com os olhos cheios d’água. Mesmo que...
segunda-feira, fevereiro 22, 2010
Música inesperada.
Fico jogada na cama ouvindo a música que a surpresa me doará, gosto de ouvir música-querida assim como quem não pretende, a mensagem toma um novo gosto e acaba me arrancando muitas vezes um sorriso bobo e umas lágrimas inesperadas idem.
Ouvir música-querida inesperada é tudo de bom!
quarta-feira, janeiro 27, 2010
Prefiro não rotular

quarta-feira, janeiro 13, 2010
Considerações sobre a liberdade
Isso porque a liberdade acarreta ainda mais responsabilidade do que a "não liberdade", por um motivo lógico, quando não há direito de tomar decisões e só simplesmente acatá-las, não há a responsabilidade da decisão tomada. Não há o que pensar, o que antever, o que analisar, o que proteger, até porque a atitude tomada não dependia da pessoa que a tomou, porém, quando a atitude depende só de você para ser tomada e principalmente quando ela não muda o rumo só da sua vida, quando o direito de escolha e seu e ainda sim envolve a vida do outro, aí sim, a liberdade é posta a prova. A verdadeira liberdade, a liberdade de coexistir em harmonia, a de tomar decisões sábias e preocupadas com o rumo do que há de vir e com as pessoas envolvidas. E é sobre este tipo de liberdade que estou falando, e essa liberdade que agora eu tento entender, a tempos vejo essa liberdade sendo corrompida, usada com maus propósitos e contra as pessoas e não a favor.
Isso de ser livre que até parece coisa bem sutil nos dias de hoje, onde não existe repressão política e AI5, é uma coisa tão poderosa, tão definitiva e porque não dizer engajada se fosse usada da maneira certa.
Não é porque você tem o direito de tomar suas próprias decisões que você pode simplesmente ignorar o que é o melhor a se fazer para todas as pessoas que estão envolvidas nelas.
Não é porque você pode decidir em acatar ou burlar uma lei que você tem o direito de atingir o outro com essa decisão.
É por causa de pensamentos como esses que ainda hoje há acidentes terríveis por causa de motoristas alcoolizados, que cesáreas são marcadas sem levar em conta a mãe e nem o que é melhor pro bebê, que crianças não são amamentadas e que crianças cada vez mais novas são alfabetizadas sem maturação para isso. Isso acontece porque a responsabilidade com o outro não foi levada a sério, quando se toma uma decisão isso de "ser responsável pelo outro" vem em primeiro lugar.
Principalmente em dias como esses onde a liberdade já deveria ter sido internalizada com consciência.