sexta-feira, dezembro 23, 2011

O medo de amar é o medo de ser livre* ou Para uma avenca que ainda vai partir

Não que exista algo normal entre nós, longe disso. Mas por esses dias vamos conversar e romper, você ainda não sabe, eu tenho adiado o dia, prolongado as horas e ignorado o inevitável. A gente vai ter que acabar.
O quê? Não me faça por favor perguntas difíceis. Eu também não sei exatamente o que temos. Por quê? Eu até sei sabe, mas isso é papo de horas inteiras reunidas em noite longa e nós não devemos mexer nisso. Vai ser lindo você vai ver, colocaremos um ponto final depois de umas meias verdades, algumas lágrimas e abraços, eu pretendo posicionar esse ponto atrás de uma palavra bem bonita que dê a dimensão do que estamos acabando e de como acabaremos. Mas eu ainda não sei. Estou tentando ver a situação de cima, tentando não procura desculpas ou respostas, pretendo te encontrar num lugar legal, falar de amenidades e depois de alguns silêncios começar mesmo que sem sentido com um 'não quero mais, isso que a gente é, isso que a gente tem que eu não sei definir e tão pouco explicar, não quero mais essa amizade confusa e cheia de sentimentos revirados, eu não posso mais desculpa' seguido de acabou. Esse a gente construído por sentimentos e lágrimas não vai mais existir a partir de hoje. Esse é o grande dia diz tudo, ou se preferir diz nada e só divide o teu silêncio comigo, as minhas lágrimas.
Tenho medo, estou de luto há dias, veio junto com a ideia do ponto final. Fico pensando nas coisas que a gente adora dividir, como elas vão ficar?
Não vai ser fácil porque você sabe né, foram tantas conversas, brigas, músicas, livros, filmes, noites, madrugadas, loucuras, intervalos, praias, almoços, jantares... Foi uma vida mesmo, a vida que existia quando a gente largava a vida de sempre e virava a gente. E que a gente lindo nós fomos, bonito de ver, gostoso de recordar. Mas acabou.
Porque eu preciso. porque você idem. Cortar o laço e ver como a gente funciona efetivamente separado. O amor? Redimensiona. A saudade? se aprende a viver com ela. Só sei que não dá mais para viver em prestações. Não dá pra sangrar junto, nem separado, e o pior, ver o outro sangrar. Não dá, para fingir que é sem importância, que eu não sei que muito é omissão, quando não é mentira. Sentimentos meus. Sentimentos seus. Nossos.
Pode deixar que quando a saudade bater vou cantarolar aquela música baixinho como sempre. Que o que compramos junto, vimos juntos, o que oferecemos ou recebemos do outro vira guardado, lembrança palpável, pelo menos para mim.
Claro que vai doer, que vai demorar pra digerir, engolir e parar de ruminar. A gente é muito um do outro pra simplesmente deixar de ser. Algumas coisas na vida são inexplicáveis, a gente é uma dessas coisas só isso.
Foi mesmo muito importante manter essa coisa que tivemos, que foi tão camaleônica ao longo dos anos. Aprendi muito sobre mim vendo você seguir a sua vida. Cresci nos seus palpites de como fazer melhor do que você, ri horrores da passionalidade de sempre, odeie muitos dos nossos intervalos, quis matar, quis morrer um milhão de vezes mas passou e daqui há alguns dias será lembrança. Passado gostoso de rememorar sentada balançando na rede em tarde quente. Página virada e daqui para frente livro em branco, uma nova caixa de giz, pincel e aquarela, página em branco para desenho livre, poema torto.
Tenho que tirar essa amizade que fura a carne e vive de entranhas das minhas costelas, preciso de espaço pro meu pulmão, de mais um pouquinho de ar. Preciso ver como eu existo sem você e esse elo, preciso te presentear com essa oportunidade também. Estou tentando enfrentar os meus dragões de olhos abertos, sei que vai doer muito, algo beirando o insuportável, mas é que eu quero saber como é não ter os dedos entrelaçados como os nossos. Quero um amor-amigo de caber no peito e esse não cabe mais.
Amo principalmente porque coexiste.

*Música de Beto Guedes.

quarta-feira, outubro 26, 2011

Sobre possui opinião (julgamentos)

A vida pode ser muito complicada e cheia de nuances, a minha pode ser ainda pior com ansiedades e tensões que viram dores que acabam tirando o meu mundo do eixo. Ainda assim assumo o compromisso inadiável e honestíssimo de possuir opinião, mesmo que isso de vez em quando me derrube um pouco, mesmo que eu precise várias vezes de tempos em tempos repensar tudo do zero.
Este é um compromisso que tenho com o que pretendo ser na vida e não abro mão mesmo que fure a carne.
Pensando, vivendo um desses momentos de avaliação, questionei o julgamento. Complicado tecer comentários e conclusões, mas vamos lá, tenho aversão a obrigações e ordens impostas então não levo nenhuma religião muito a sério, digo isso para avisar antecipadamente que não me baseio em nenhuma dessas visões absolutas de deus, vivo baseada no acredito que acaba sendo um misto de tudo que li e vivi até aqui. Pois bem, tenho pensado no tal livre arbítrio e nos julgamentos e na ligação entre eles, acho de verdade que ninguém pode se considerar superior a um igual, avaliá-lo e condená-lo a um castigo ou privação depois de um julgamento que nunca conseguirá apurar todas as visões do ocorrido e seu contexto, e nem quero ir por essa caminho tenso e cansativo, mas veja bem, quero argumentar sobre a responsabilidade pessoal de avaliar os acontecimentos e ter um opinião sobre o que muitas vezes acaba também servindo como um julgamento (o mesmo que opinião sobre). Interpreto a máxima (ditado popular, mandamento, seja lá o que for) 'Não julgue para não ser julgado' meio complicada de ser levada ao pé da letra, pelo seguinte, como viver num mundo sem julgamentos? Adoraria viver num sem prejulgamentos, preconceitos e falsos moralismos. Viver num mundo honesto onde as pessoas se importassem com a responsabilidade dos comentários que fazem, quero dizer com isso que alguém que critica ou concorda publicamente com alguém assume instantaneamente a responsabilidade da sua opinião-julgamento, o que leva a crer que a mesma pessoa pensou sobre isso e não o disse levianamente. Nós vivemos assim?
Com isso defendo o meu direito de ter opinião, de fazer julgamentos, de questionar se essa é minha vontade se é assim que eu me manifesto e principalmente, se eu acredito na minha capacidade de avaliar o que é do meu convívio e o que não é. Não admito é a ingenuidade coletiva do não-julgamento, do não questionamento, a obrigatoriedade do bem viver. Não quero instaurar uma guerra, quero apenas poder escolher livremente, as condutas que compartilho e as pessoas que convivo. Obviamente que respeitarei todas as pessoas não iguais a mim, mesmo que acredite estar subentendido reafirmo para evitar confusões, só me reservarei ao direito sem nenhuma culpa de construir uma opinião do outro e quando convier manter distância. E com isso não quero dizer que minha opinião-julgamento deve ser coletiva não, longe disso, fazendo uma analogia seria como um relacionamento aberto de comum acordo, onde está claro para ambas as partes que o outro é livre para pensar e fazer o que quiser desde que esse seja seu desejo mais íntimo.
É muito utópico achar que as pessoas não fazer julgamentos alheios o tempo todo, mesmo que não sejam definitivos o fazem, sem que nada venha a tona e tudo fique suspenso, não vivo nesse mundo, talvez viva num ainda mais utópico que acredita no radicalismo da opinião não ofensiva mas com certeza respeitosa e responsável. Num talvez menos hipócrita.

segunda-feira, setembro 26, 2011

Sobre o novo jeito de viver. Querendo ser a Leila Diniz

Vivi coisas esses dias que ainda estou digerindo. Um viagem de férias, uma viagem dentro de mim. Conheci pessoas e lugares que me encaminharam a uma releitura da vida. E eu menina-mulher em construção que sou, acabei ficando sem palavras. Mesmo que isso seja a única coisa que eu tenho. Corrigindo, não que esteja literalmente sem palavras, mas é que elas estão trabalhando em outra coisa agora. Estou recompondo, vendo nascer um jeito lindo e novinho em folha de sentir e dizer. Eu que estava farta do de sempre, hoje me permito pensar em outras coisas.
Há mil por hora minha mente vaga procurando verdades, desmentido coisas, destruindo certezas. E confesso que em alguns momentos, entre um crise de pânico e outra, eu me perdi por completo. Eu precisei desesperadamente de um cigarro, uns goles rum, é poucas palavras. Eu precisei dormir um dia inteiro como nunca fiz na vida. Precisei gritar e assustar pessoas. Estava sentindo sem controle, tinha palavras furando a carne, sentimentos revirados e uma ressaca de viver enorme. Precisei jogar cartas noites inteiras. Precisei pensar em sexo, falar de sexo, imaginar sexo, sem fazê-lo. Me apaixonei racionalmente como há muito tempo não fazia. Sentada num cadeira na varanda deixando o tempo passar. Comprei um relógio, e comecei a deter segundos.
Comi jujubas compulsivamente. Comi tudo compulsivamente. Fiz compulsivamente. E tive calma por mais paradoxo que isso possa parecer. Decidi coisas, revisitei memórias. E desde então quando estou entre pessoas só observo. Quando estou só, me concentro. A hiperatividade que se foda, eu quero viver um pouquinho sobre o meu controle.
Quero questionar algumas verdades absolutas e se elas não forem muito boas, desistir delas. Sem medo de ser punida. Sem falsa fé. Romper é o que eu pretendo. Mesmo que isso possa me levar ao pó. Romper é o meu novo desejo. Chega de procuras vazias. Escrever sobre a vida será minha nova meta e é por isso que eu vou acordar todos dias daqui pra frente.

domingo, agosto 14, 2011

Quase boa. Quase inteira. Quase sã.


Não lembro o dia que não senti dor, depois daquela primeira dor há 9 anos atrás. Não lembro de me sentir inteira por mais de um dia na vida e só aceitei a ideia de ser sã, quando entendi, que isso significava estar distante da máxima do ser normal, porém também não me sinto sã por muito tempo.
Pode-se dizer que sou um quase. Quase um erro para os meus pais, quase uma dor desconhecida para os meus médicos, quase um amor para os meus amigos-irmãos e quase uma mulher para o Dito (marido).
Não entendo nada no mundo. As vezes, sinto que exitem tantas pessoas, tantas certezas, tantas razões que desconheço, que eu não faço parte e por isso decido desbravar antes de fazer planos no desconhecido. Vivo de dias de descoberta e cansaço. Medos e alegrias constantes. E percebo que não dou conta, das pessoas, das certezas e de tantas razões. Que o lógico mesmo seria sentar numa cadeira de vime do lado do portão da casa que foi do meu avô e só observar o tempo passar, as pessoas e as nuvens passarem, e aceitar que eu só conhecerei as pessoas, as certezas e as razões que atravessarem meu caminho e que não é inteligente almejar nada além disso.
A dor para mim é um costume. As vezes me percebo tão imersa nas coisas da vida e atenta aos meus afazeres, que acabo nem sentindo a sua latência, acho estranho sento por dois minutos, diminuo meus movimentos, chamo a minha atenção, calo o meu corpo e lá está a dor caladinha como a minha gata quando chego em casa e a pego dormindo na minha cama, caladinha esperando que eu volte a minha atenção para ela para voltar a existir. E juntas continuarmos na nossa estrada da coexistência.
Tenho um sentimento engraçado cá dentro do peito, complicado de confessar, atrelado a uma certa vergonha de existir. Mas é preciso, é preciso me despir deste tecido puído que me recobre, é preciso tecer um novo manto. Não sou ainda o que gostaria de ser nessa vida, entenda-me, também não pergunte o que eu quero nessa vida, porque eu não sei. Só tenho a certeza de que há algo em mim que quer ser outra coisa, e não precisa ser maior ou menor que o que sou atualmente só de me tornar algo que acalme meu espírito já basta. São anseios de todos os tipos, profissionais, pessoais, femininos e artísticos. Então não há satisfação completa com tantas coisas em suspenso.
Não pretendo ser previsível, normal, aceitável. Assim como acredito que não sou exemplo para ninguém. Minha mente é o meu inferno e o meu céu. É onde eu existo plenamente e sem máscaras, é em mim o lugar mais inseguro para se estar e onde eu passo a maior parte do meu tempo.
Não sou um conceito. Não sou um definição. Sou um quase. Sou um talvez. Um alguém que acha que é maior do que realmente é, um ser sem paz, uma criatura que não sabe nenhuma das respostas das muitas perguntas que faz. Uma louca vivendo como se ninguém notasse que no fundo ela não pertence e não fica bem em lugar nenhum. Está mais para um filme feito para televisão que nunca passará no cinema, um texto de verso de página de um escritor iniciante que nunca será inserido num livro, um esboço de um dos primeiros desenhos de um cartunista perfeccionista que nunca o terminará.

*imagem arquivo pessoal.

sexta-feira, julho 15, 2011

Sentindo sem controle

Tenho alma de menina sapeca, acredito e espero mesmo que a minha alma não envelheça. Mas o meu rosto, meu corpo vem dando sinais. Não de uma velhice próxima, mas sim de sua construção. Ninguém fica velho da noite para o dia, as pessoas envelhecem cotidianamente.
Não tenho medo de envelhecer, nem tenho vaidade o suficiente para me importar com isso. Só não quero ficar cansada da vida, cheia de achismos e arrotando vivências, não quero usar a frase 'sei bem como é', odeio quando usam comigo, sei que por mais que você se esforce, cada pessoa vive de um jeito, internaliza como sabe e entende como quer, então ninguém sabe como é que as coisas acontecem comigo ou o quanto significam para mim.
Ando fraca novamente, sinto que estou entrando numa crise, que sabe-se lá quanto vai durar, depois da última confesso que não tenho mais medo, só espero que eu aprenda o mais rápido possível o que ela quer me ensinar e que passe.
Tenho vivido dias bons, encontrando amigos queridos sempre, o que ainda mantem o vínculo com o mundo exterior. Gostaria de conseguir tecer comentários sobre o que eu tenho pensado ultimamente, mas não sou capaz, estou sentindo sem controle, sem me poupar. Sempre foi assim... Doando, doando tudo sempre.

Lembrando sempre que 'se eu tivesse mais alma para dar eu daria, isso para mim é viver'.

terça-feira, julho 12, 2011

Dignidade.

"E aqui preciso deter-me um pouco para explicar o que significa, para mim, “digno” ou “dignidade”. Nem é tão complicado: dignidade acontece quando se é inteiro. Mas o que quer dizer ser “inteiro”? Talvez, quando se faz exatamente o que se quer fazer, do jeito que se quer fazer, da melhor maneira possível. A opinião alheia, então, torna-se detalhe desimportante. O que pode resultar – e geralmente resulta mesmo – numa enorme solidão. Dignidade é quando a solidão de ter escolhido ser, tão exatamente quanto possível, aquilo que se é dói muito menos do que ter escolhido a falsa não-solidão de ser o que não se é, apenas para não sofrer a rejeição tristíssima dos outros."*

Não posso querer mais, já vivencio o desejar infinito. Não quero aceitar a não-solidão que me impediria de ser. Não devo desistir de ser inteira, exatamente como o Caio falou sobre Cláudia, sendo digna. Mesmo que fure a carne, mesmo que eu questione tudo sempre, e que o tempo todo eu tenha dúvidas, que a felicidade não seja constante, eu quero estar numa terça a tarde de pés descalços na areia da praia esperando o sol se pôr, esperando o desespero diminuir. Que eu me permita gritar, sorrir e no segundo seguinte chorar copiosamente se isso me levar a esse conhecimento profundo e cotidiano diário.
Mesmo que um dia lá na frente eu acabe mesmo sem diploma, sem dinheiro, sem pertences, desde que me sobrem os livros que li, as músicas que ouvi, as pessoas que conheci, os amores que vivi, e o único egoísmo do qual não abro mão, o de não deixar de ser o que sou, não desistir de me tornar o melhor de mim.

Não desisto, não cedo e não troco por coisa alguma.
Ser intensa. Inteira. Tudoaomesmotempoagora. Eu.

*Caio F. http://caiofcaio.blogspot.com/2010/11/meu-amigo-claudia.html

segunda-feira, junho 27, 2011

Precisa-se.

Como posso sentir saudades do que não vivi, nem vi acontecer? Como me prender a planos e sonhos de tantos anos atrás? A vida é feita de fases não é? Então me diz em que fase me encontro? Estou com medo de parar de ver o lado bom do presente e começar a viver de passado, pior, passado que não existiu. Futuro desejado, planejado, porém não concretizado, ou seja, também inexistente.
O que eu tenho? Além do presente e do ausente? O que sou além de sonho e dúvida? Para onde ir se não consegui escolher o caminho ainda?
Olhos nos olhos, conversa baixinha, segredos, sonhos, planos, amor, carinho, leveza, afeto que escapa pelos poros, estou precisando de doses cavalares de tudo isso. Doses que substituam o frontal e o tilex de outrora. Quero sanar a dor com amor, dá pra ser?
Franco, honesto, sem reservas.
SEM RESERVAS, prometo. Torço para que eu consiga e se você puder torce por mim também que eu estou precisando.

Demostração de afeto na veia, now.

domingo, junho 19, 2011

Eu apenas queria que você soubesse*

Que eu vivi problemas demais, mesmo que eu ainda ache que não tenham sido o suficiente. Que eu já magoei e fui magoada um monte de vezes e que eu já ri de desespero, igual a um monte de gente que não admite. Já chorei de medo milhões de vezes e poucas pessoas já me viram chorar por causa disso. Por trás dessa coragem que arrotei todos esses anos tem a menininha que fui, que morria de medo da mãe esquecê-la por aí, a garota boba e insegura café-com-leite da maioria das brincadeiras por causa do tamanho, por causa da insegurança e da crueldade das crianças que brincavam comigo. Eu fui/sou o patinho feio da minha história, a que não se encaixa por vários motivos e que de alguma forma, inconscientemente sabe o porque, e que já não se importa mais, confesso que até gosto de ser esse tal pato, não me obrigo a ficar na fila das migalhas cotidianas, não quero mesmo uma vida de cinema. Gosto do sol forte que incomoda, do vento que sempre deixa os meus cachos bagunçados, dos meus erros, das minhas crises, das minhas artes, dos problemas que cultivo, isso mesmo CULTIVO, e da vida real que se apresenta na falta de grana, na não realização de planos, na preguiça, no trabalho, no noticiário da TV.
Gosto dos meus amigos espalhados, diferentes, misturados. De ser irmã-escolhida de um monte de gente, depois da rejeição do meu pai, isso acaba sendo uma misericórdia de família, das minhas cicatrizes que pontuam vivências, das minhas tatuagens cheias de palavras e de sentimentos que não cabem em mim. Apenas queria que você soubesse que a vida as vezes se intercala com fases muito difíceis, algumas dessas fases as vezes me desmontam, porém eu (sra. Batatão que sou) quando me restabeleço, junto as minhas peças e me remonto ainda melhor e garanto que saio melhor do entrei, pode ser que com mais uma ou outra cicatriz para rememorar, contudo não há nada que eu gosto mais do que essa eterna reinvenção.


*Gonzaguinha.

sábado, junho 18, 2011

Momento.

"Eu quero que tudo saia como um som de Tim Maia sem riscos de mim, sem desespero, sem tédio e sem fim."*


*Cazuza.

quarta-feira, junho 15, 2011

Será mesmo?

Será que eu sou doida como dizem ou será exagero? Então? Sou mesmo aquela que pune, com as palavras mais duras os amigos mais queridos? Será que eu realmente não penso nenhum segundo antes de falar? Será que eu não tenho paz, nenhum conforto e que realmente me faltam todas as certezas? Não sei. Não saberás. Não sabemos.
Eu sou sim. Tá uma palavra que me define bem. Você me ama? SIM! Você gosta? SIM! Você quer? SIM! Você nunca mais vai me esquecer? SIM. Mas como se eu também sou não. Você não me ama mais é isso? NÃO. Você me entende? NÃO. Você aceita meus motivos? NÃO. Você tem medo? NÃO SEMPRE. Você sabe onde quer chegar? NÃO. Você espera algo? NÃO, EU DESESPERO SEMPRE... e eu nem sei o que sou. E isso pouco me importa. Não sei quem são os outros, não os entendo plenamente, não me entendo, não me entendem e assim estamos quites. Não quero passar a vida tentando achar respostas, quero questionamentos 'ad infinitum' dá pra ser?
Sabendo eu que nunca vou achar o x, o lugar certo para se estar, o jeito certo de chegar nesse maldito lugar, a companhia perfeita para essa viagem, proponho a mim mesma não sair do lugar. Meus pés ficados no chão. E o meu amor pela palavra rodopiando a sala, invadindo os meus pensamentos e dominando-me. Quero a viagem dentro de mim. O devaneio lúcido. Um bom livro, um bom disco e alguns goles de amor. Uns instantes de sexo a todo vapor e a vida rodopiando a sala, se misturando com a palavra, com os meus pensamentos, com o meu universo que não cabe em mim.
Eu não me basto. Ninguém preenche e não há nada errado nisso. O que eu quero saber é o que os fazem quando não se questionam o tempo todo? Quando não testam a vida, argumentam, enlouquecem? O que é o não estar louco? O que é o não querer? Perguntas, perguntas, perguntas sem resposta.
Será mesmo que eu sou a única? Vai ver sou.
Palavras, palavras, palavras só as palavras que não consigo externar me entorpecem e o que não me falta é devaneio cotidiano, nem sempre lúcido. Delícia.

terça-feira, junho 07, 2011

que.

que eu ache um lugar seguro dentro de mim para passar um tempo. que a vida volte a fazer sentido. que eu não desista de defender o que sou com unhas e dentes. mesmo que agora algumas coisas estejam ainda confusas, mesmo com medo, mesmo com toda ansiedade, que eu não perca essa coragem de encarar e morder a vida, de me defender apenas com palavras e atitudes. que eu não me arrependa de ter me afastado das pessoas que eu já me afastei nessa vida. que um dia eu possa ter uma conversa bacana com meu pai, que mais madura eu aprenda e vivencie o perdão completo. que as minhas queridas boadrastas não me abandonem. que os meus irmãos sejam livres e felizes. que uma tarde na praia continue me recarregando como sempre. que o rio do povoado onde tantas vezes passei horas conversando com o Du, amigo antigo, continue sendo o meu silêncio e o meu respeito sagrado a natureza, que eu muitas vezes não compreendo, mas aceito de corpo e alma. que eu consiga respirar mais devagar. que a minha alimentação continue em progresso. que a alma continue a aprender e evoluir. que o meu avô continue sendo essa saudade gostosa de viver em dias inseguros. que as músicas sempre roubem as minhas palavras e sentimentos. que os sonhos se realizem. que eu não perca o interesse e a esperança nas pessoas. que a vida não seja totalmente doce, porque eu também gosto de salgado e/ou apimentado, mas que ela saiba a hora certa de intercalar os sabores. que as férias cheguem logo para que finalmente eu possa viajar e visitar minha irmã querida. que a casa continue lar, que o casamento continue honesto, sincero, agradável e totalmente possível. que os amigos não se afastem. que eu continue encontrando livros ainda melhores para ler, autores para conhecer e que sempre exista tempo para revisitar algumas boas histórias. que o trabalho continue agradável. que um outro tanto de coisas boas aconteçam...

segunda-feira, junho 06, 2011

Para esvaziar.

Cabeça cheia de coisas boas e más, como sempre. Chuva caindo desde que o dia amanheceu, insistente, dormi a tarde inteira para colocar as coisas em ordem. As vezes quando eu durmo eu choro o sonho inteiro. Invento um contexto triste e inseguro e choro horrores. Sou dessas pessoas que sentem com cada centímetro do corpo.
Estive um tanto despedaçada esses dias, verdades ruins que furam a carne, fiquei um tanto tonta, e confesso que nem sei se já estou tão melhor assim para falar sobre, mas estou vivendo, tentando digerir o lado bom, e o outro.
Me refugiei na comida, em comer, em cozinhar, como um amigo querido disse um outro dia na minha cozinha 'as suas fugas são bastante apetitosas'. Estou vivendo o prazer constante de cozinhar e comer, descobrir prazeres, reconhecer gostos, inventar outros. Experimentar. Num ambiente preparado para aceitar decepções. Onde se algo der errado, seja, sal demais, sal de menos, assado além do ponto, cru, cheio de pimenta e sem gosto, é só uma vertente, uma nova perspectiva, experiência para próxima. Uma tentativa controlada.
Porém na vida, e isso eu digo um tanto engasgada, algumas falhas sinceramente não caem bem. E estragam tudo.

P.S. não uso marcadores propositalmente, pois esse coisa que me enche a cabeça está praticamente relacionada a todos eles, assim como não faz parte de nenhum, se é que isso é possível.

domingo, maio 29, 2011

É só sobre o amor.

Dedicado a Dani e François.

"E se o amor não nos quiser, então azar do amor, que não soube nos amar..."*

O tempo todo o amor é pauta de algumas das minhas conversas com amigos, sim eu tenho amigos passionais. Sim, eu sou passional também. Nós queremos entender o amor, pelo menos é o que eu quero, entender de onde vem a força das teias que nos prendem neste assunto. O que não nos faz esquecer. O amor domina a gente e não o contrário.
Porque o amor toma as rédeas da vida da gente, bagunça tudo, o que era certeza deixa de ser, o certo ou errado não existe, o bom ou o mal idem. Quando se ama acredita-se! Se faz promessas. Planeja-se. Sonha-se. E um dia, um tempo depois, ou nem tanto tempo assim, no sutil do de repente, pluft! Deixa de ser. E a gente odeia o amor quando isso acontece, os planos, os sonhos, as promessas?! Pra quê? Pra quem? É uma loucura, um distanciamento do real.
O príncipe morre, o amor da vida da gente não é mais a vida da gente, e os defeitos, putz os defeitos ganham neon e evidenciam-se, e é tão ridículo ver o quanto a gente é bobo. Vergonha alheia, sofrimento honesto. Dor mesmo.
A gente cresce e depois das primeiras decepções cria casca. Se entrega menos, acredita menos, finca os pés no chão, aprende a amar os defeitos, a ser mais flexível, a falar menos ou pensar um pouco mais antes, e vive o amor manipulado. Que nunca mais vai fazer nó na garganta, nunca mais vai transformar a gente em bobo da corte, nunca mais vai ser amor.
Porque o amor manipulado é consciente, é menos dolorido, mais confortável, mas nem de longe vai ser o amor que eu sonhava sentir quando era menina. Que eu senti nas primeiras vezes, e que eu guardo ainda hoje num lugar muito especial. Acho mesmo que o amor pode ficar assim mais careta e tem seu lado positivo, mas quando ele perde o jeito sapeca de dar olé na vida da gente também perde a graça. Queria o meio termo existe?
Queria que amar não fosse tão dolorido, mas é assim mesmo. Queria não ficar tão perdida e ameaçada com ele, mas eu fico. Queria não querê-lo tanto, mas eu o quero sempre. Porque se a gente não ama, faz o que da vida? Eu não sei.
Eu tenho grandes amores, amores que eu acumulei na vida, ex namorados, marido, amigos, irmãos-de-alma, e todos eles são doloridos, doces, ansiosos, indecisos, prazer, ódio e um pouquinho de tédio. Todos eles são ricos em experiências, todos eles aquecem a minha alma, todos eles me compõem.
O amor que eu não sei explicar mas que me move todos os dias, por muitas pessoas é o que me faz humana, é o que me iguala, é o que eu não sei deixar de sentir.
Mesmo que doa. Que fure a carne. Eu sou o amor da cabeça aos pés.

*Ouvindo Mesmo quando a boca cala, Bruna Caram e Vinicius Calderoni.

quarta-feira, maio 25, 2011

Desistir as vezes é não ceder.

E mais uma vez eu não suporto a pressão de fazer parte do todo e desisto de mais um período da universidade, já escrevi sobre isso tanto que me encheu, escrevi para entender sabe? Mas não dá para entender porque eu não consigo seguir com a maré, gostar da maré, ser a maré. É dessas incapacidades humanas, eu não sei fazer parte, estar incluída, difícil... Penso diferente dos outros, falo coisas que os outros não diriam, tomo atitudes que os outros não tomariam e o melhor de tudo é honesto. Eu realmente sou isso, a marginal. Eu realmente não quero ser maré, seria onda indo e vindo o quanto for necessário, mudando de rumo, adquirindo experiências na beira da praia.
Isso é bom, doí pra cacete, mas é bom. Acho que me moldei para isso a vida inteira e não sei mais ser de outra forma. Foi estranho crescer como cresci, viver o que vivi e ficar do jeito que fiquei, pode ser só um estágio sabe, um momento que eu estou e não consigo sair (confesso que nem quero) só me cansa essa obrigação de defender meu ponto de vista para os outro, me cansam os olhares incrédulos, as piadinhas, a palavra omitida sobre a minha decisão.
Não, ninguém tem direito de dizer qual caminho devo seguir, ninguém pode me obrigar a fazer o que não quero, fazer o que eu não sou capaz. Estou crescendo agora de um jeito bem dolorido e cheio de sacrifícios e só peço aos meus poucos leitores e bons amigos que respeitem isso.
Tem tanta coisa dentro de mim que eu não entendo bem, tantos quereres inconfessáveis, tantas dúvidas, tantos caminhos. E sinceramente não tenho planos de me prender a essa questão que nunca fez muito sentido para mim da obrigação de concluir a universidade, de fazer parte do grupo.
Quero ler o que me toca a alma, quero compreender os textos que eu escolhi, quero criar grupos para discutir a literatura que gosto, não estou dizendo que isso não é ingênuo e utópico, não me dou tanto valor assim, mas é o mais honesto sobre isso que pode sair de mim nesse momento.

quinta-feira, maio 05, 2011

Porque você me deu a oportunidade de viver o novo

Passei a tarde com meu pai hoje, ele me pegou no trabalho, almoçamos juntos, ouvimos música e conversamos sobre elas, ele me mostrou canções antigas eu apresentei bandas novas a ele, conversamos também sobre conduta, princípios, religião, política, união homoafetiva, amizade, relações e casamentos. Porque a gente adora conversar, trocar histórias, dividir a vida e nessas horas finjo que esqueço (ou acabo realmente sem notar) que na verdade ele é o pai da Isadora (minha amiga-irmã-de-alma que mora na Venezuela)eu fui adotada pelo amor da família dela, pelas coisas em comum que gostamos, e pode não ser de verdade, porém eu não me imagino sem eles.
Porque na vida o que importa é amar, ser amado, e não importa que família tem mais haver com a gente se a biológica ou a afetiva, não importa o tamanho do sofrimento e das perdas paternas que eu tive não há remédio. O que importa que houve tempo e sorte para encontrar essa convivência agradável, essa família "emprestada" para aprender o que não pude, para viver o que não vivi, para amar sem medidas como nem sabia que podia. Eu amo e posso, acredite!

sábado, abril 30, 2011

O melhor de mim*

Gosto mesmo do turbilhão de sentimentos que se confundem dentro de mim. Gosto da ideia de não ser previsível. Gosto de não possuir certeza alguma, de querer sempre mais e mais, de acreditar que todo sentimento tem que ser honesto, que toda atitude tem sempre uma responsabilidade com o outro, gosto de saber que eu tenho amizades impossíveis, que todo os meus amigos verdadeiramente próximos me conhecem mais que a minha mãe. Gosto de tudo que faz com que os meus amigos continuem meus amigos, gosto quando eles aparecem em casa pra bater papo a noite inteira, dormem aqui, e como todos são bem vindos nas vidas uns dos outros, uma imensa bagunçada família de amor. E com eles os problemas parecem menores ou ficam ao menos suportáveis. Que cada um sabe que a perspectiva do outro faz parte das escolhas de cada um e sempre são respeitadas. Amo o respeito que os meus grandes amigos tem uns pelos outros. Amo muito os meus.

quarta-feira, abril 27, 2011

Cinza.

Um dia eu acordei e não era mais como antes. Simples assim, não haviam indícios, marcas, provas que a gente tinha estragado tudo, sabotado o cotidiano e ignorado as regras que nós havíamos criado. Aconteceu dentro de mim sabe, você nem percebeu que eu confabulava coisas, colocava tudo em xeque e movimentava os peões sem a tua participação. E eu baguncei tudo, deixei tudo espalhado, troquei os móveis de lugar para ver se você tropeçava em alguma coisa para doer, incomodar. Queria doer em você amor, queria causar mesmo que fosse incômodo. Tive medo de vê-lo dormir para sempre. Quando eu já não aguentava mais guardar a guerra em mim eu te joguei uma granada e abalei teu mundo. Você me olhou e eu agradeci pela oportunidade de passear no teu olhar novamente, de ter os teus ouvidos para mim, tuas palavras para esclarecer as minhas dúvidas, porque eu sempre amei as tuas palavras, ultimamente tão raras... Reencontrei o meu amor nos teus olhos naquele instante que você me fitou e que o teu mundo parou para acalentar o meu. Saiba que eu ainda estou questionando tudo, ainda está bagunçado, mas tenha paciência, eu quero reencontrar a gente, e isso exige um certo esforço, meu, teu, nosso.

sexta-feira, abril 15, 2011

Todas as noites são iguais os meninos satisfeitos e as meninas querem mais*

Amigos Sorvete Calor Música RO RO Takai Conversas Confidências e a tarde de sexta se transforma e vai virando noite devagar, como uma menina e seus pequenos seios, seus finos pelos crescendo e sem ninguém prestar muita atenção vai virando mulher. O sol se pôs, fez-se noite e eu ainda fiquei engasgada sem conseguir dizer algumas coisas que queria ter dito, ando assim entalada, nunca tive muito medo de falar nada não, nunca fui de me preservar ou omitir, mas é que eu ando cheia de dedos com os meus sentires, cheia de medos, e ninguém enfrenta nada assim né? Ou enfrenta?
Não sei de nada só quero continuar à escrever as coisas que pretendo, preservar as coisas que ainda não consigo lidar e viver a fossa. Mesmo sem saber porque dessa vez, mesmo não fazendo sentido algum. Tá aí na cara, então é pra viver.
Foi só mais uma tarde que imendou na noite e me acalmou a alma com solidariedade amiga. Não resolveu até porque a questão esta se materializando ainda, mas que ajudou, ah ajudou.

*Capital Inicial

terça-feira, abril 12, 2011

Vamos fugir?

Perco o chão as vezes, ou me desiludo da ideia de possuí-lo. Não sei. As vezes só quero um bom livro, um cd novo, um sábado ou domingo de introspecção total. Eu sou desse tipo de gente que precisa de gente pra pensar, preciso falar sobre as coisas para que façam sentido. Preciso sair por aí, respirar fundo, rever amigos, gritar, rir, comer em comunhão.
Gente preenche, palavras encantam e a minha se funde ao meu amor pela arte, pela literatura, pela música. E eu assumo as minhas fugas. Estou a fim de uma agora.

domingo, abril 10, 2011

Toda palavra é crueldade*

Queria escrever um texto sobre isso, de falar coisas que as vezes machucam pessoas, mas percebi que esse verso diz tudo que eu quero dizer hoje.

*Fala, Orides Fontela.

sábado, março 26, 2011

Analisando.

Eu sou uma pessoa boa. Não ignore o que eu digo, eu sou um pessoa boa. Simplesmente acate. Eu sou uma pessoa estranha. Não questione. Eu sou, deixe-me ao menos simplesmente ser.
Espero sentir, perceber, ver o amor em tudo, em todos. Suporto qualquer migalha e em qualquer esquina menos a ausência. As vezes eu sinto a ausência do amor, do afeto, da força que atraí as pessoas. E sinto um afastamento veloz e silencioso, pessoas indo, indo, não as incomode um dia elas hão de ir mesmo. Quanto mais consciente forem menos dolorido será.
Penso que as vezes sou um iceberg se separando do continente, almejando distâncias, um iceberg que sonha (já sonhou e quem sabe voltará a sonhar) viver a deriva, sem ter que manter relações com o continente, o continente é frio e opressivo, e grudado no continente eu só sou parte e nunca ser.
Queria não compreender, devanear tanto sobre as coisas. Quando pequena eu queria o contrário. Não sei mais muito bem o que eu quero, além de só ser.
Quero sentir que há uma ligação, ver os nós que juntam as vidas, quero vê-las entrelaçadas. As vezes abro os olhos devagarinho pra ninguém perceber que ando duvidando e vejo com a rabeta dos olhos o enlace se desfazendo, bem devagar, e tenho medo, de um dia sem querer ver a vida definitivamente desenlaçada, como um balão cheio de hélio voando por ai.

mas se assim for, assim será.

terça-feira, março 22, 2011

dia-a-dia

Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma cama branca
e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma vida branca
e limpa à minha espera.

Ana Cristina Cesar


Leminski no braço, ainda um tanto ardido, quase um mantra do qual eu não pretendo me distanciar "Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além...". E algumas margaridas, um pouquinho do Caio, algum desespero cercado de paz por todos os lados. Então eu me liberto ainda mais. Compreendo-me cada dia mais, e me perco na compreensão das coisas cotidianas.
Eu não sei como tudo mudou, não vi em que passo as coisas finalmente se assentaram. E nem quero me prender a isso. Quero mesmo comemorar a amizade próxima, os telefonemas diários, a serenidade momentânea, está certa alegria, a tatuagem nova, o amor desmedido, o encontro. Quero comemorar a vida que construo nas pequenas coisas, na raça, no dia-a-dia.
Mesmo que essa alegria seja silenciosa, que a Tiê ainda me comova, que ainda me faltem palavras eu tenho seguido. Um passo de cada vez, as vezes lentamente, as vezes rodopiando. Espero que esse ano eu tenha maturidade para enfrentar o meu aniversário que já bate à porta sem crises e tristezas. Páginas viradas Bin, páginas viradas. E boa parte de um livro imenso em branco, disponível para alguns poemas, algumas histórias e casos. E uma vida inteira para se refazer o quanto for necessário e/ou suficiente pra ser feliz.

E eu sou. Ou pelo menos estou.

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Não sei.

As vezes eu não sei e é tão duro aceitar isso. Eu não sei. Simplesmente não sei. Não tenho ideia. Não me pergunte como organizo as coisas aqui dentro, faço no instinto. Não questione as minhas atitudes e os problemas que eu me meto, luto com garra e saio do meu jeito. Não questione o quão sou sozinha, porque isso da minha boca você não vai ouvir. Eu tenho os meus medos, minhas travas e um monte de traumas, é que não foi fácil.

Uma margarida apenas,... Sendo. "Desespero cercado de paz por todos os lados".

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Feliz.

"(...)Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Ela tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna."*

E eu que acordei amando a vida, ignorando a dor e o tédio de dias cinzas dei de cara ao sair de casa com uma chuvinha rala e um céu quase azul e nem dei importância pro meio-termo. Coloquei o fone no ouvido e comecei a ouvir música querida, e pensar em coisas boas, e se eu me esforçasse muito era capaz de antever o céu se abrir e o ritmo do dia. E então as 6:45 da manhã num ônibus nem tão cheio assim fui feliz. Feliz mesmo, de não conter o sorriso nos cantos da boca, de olhar ao redor e não me importar muito com os outros e seus julgamentos, inteira e segura de mim. Demora pr'eu me sentir assim mas quando acontece é sagrado. E acaba parecendo que é meu aniversário, que eu estou me organizando pra uma festa, e antecipadamente festejando.
Nem sei se o dia vai acabar bem, se amanhã vou acordar inteira de novo. Só sei que hoje eu estou bem, que o livro que estou lendo está uma delícia e preste a acabar, que a vida ainda violeta e as vezes tem pintinhas vermelhas. Sei dos meus planos pro fim de semana, para a viagem de férias, para visita de amigo-querido e de muito chimarrão.
Eu estou bem. E nenhuma outra frase poderia significar tudo isso. Estou bem, e principalmente inteira.

*Caio.

terça-feira, janeiro 18, 2011

Inteira.

"Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."*


Estou procurando-me por aí. Estou com os olhos arregalados, atentos. Percebo essa nuvem misteriosa no ar de contentamento e de dúvida. Engraçado, ando tão inteira ultimamente, e só me sinto assim por poder observar os pedaços ao meu redor. Cada um por vez, ao meu bel prazer, no momentos com longas pausas. Uma observação mais ampla. Sou bastante confusa, daquele tipo pessoa difícil que as vezes não diz coisa com coisa, sei que de honesta passo pra cruel em segundos, sei que os meus sentimentos se misturam e o meu jeito de lidar é o mais desajeitado possível. Não entenda mal, esse é o meu jeito de sentir a minha molequice.
Na acupuntura, uma vez por semana, escuto que as minhas emoções são por demais embaralhadas. E eu concordo. Tenho vivido alguns dias horríveis, dias que já acordo mau, levanto negando o próximo passo e super dolorida e não tem RPG, Acupuntura, Tarja preta, analgésico, conto do Caio, papo de amigo antigo que resolva, acordo assim "pra dentro" mesmo. Sem querer dividir muito, procuro o meu próprio eixo o dia inteiro, enquanto me esquivo dos muitos convites para compartilhar, não obrigada. Apenas observo, os carros passando, as pessoas conversando, a vida seguindo sem a minha intervenção, está lá e não depende em nada de mim. É livre. Livre e linda, exercendo o direito de simplesmente ser.
Não importa para os carros, as pessoas, as vidas que eu não tenha acordado em um dos meus melhores dias. E isso é tão claro, ainda mais claro que cruel. Eu sou livre para acordar como quiser e isso não altera em nada o rumo dos dias alheios. Então porque insistem em salvar-me da introspecção? Do sentir por dentro?
As vezes choro, grito e resmungo em dias assim mas é só parte do processo. Eu preciso, pelo menos tenho encarado dessa forma, preciso sentir a dor do pulso que não passa, o incomodo das costas que não relaxam, a sonolência do tarja preta, a agitação dá insônia na hora errada. Preciso desses pequenos obstáculos que só afetam a mim, e só a mim dizem respeito, para me ver aos pedaços, e por mais estranho que pareça, o quão completa e inteira posso ser (no momento).
Não, ainda não estou desesperada.

*Clarice Lispector