sexta-feira, março 26, 2010

Sem dúvida alguma (momentaneamente claro!)

Mudei de vida, será? Não.
Mudei o jeito de ver a vida e consequentemente de vivê-la. Tenho preocupações que antes não tinha, afazeres, obrigações e um monte de coisa que deveriam ser bem chatas e não são. Não são porque eu me preparei para elas, foi no tempo certo, na hora que eu quis assumir essas responsabilidades, não porque fui obrigada a fazê-las. Vivo dias curtos, e ainda sim muito felizes, vivo num lar de respeito ao outro, de cumplicidade mútua, de admiração, de amor. Vivo com quem escolhi viver, e faço o quero sem barreiras e cobranças ridículas, no meu tempo, como deve ser.
Sendo assim, estou/sou muito feliz vivendo a vida que escolhi viver, compartilhando do jeito que escolhi compartilhar e com quem escolhi. E sobre isso não há dúvidas. Caramba?! Isso sim é assustador eu que sempre duvido de tudo sempre, ando não duvidando de muitas coisas...

quinta-feira, março 11, 2010

Sobre o pseudorelacionamento com o menino-bobo-dos-sonhos ou Vivendo e aprendendo a jogar

Uma vez eu conheci um cara, amigo dos amigos de anos, no lugar de sempre. Mas naquele dia ele era diferente, como se nunca eu estivesse ido lá, visto aquelas pessoas e sentido aquelas coisas. Porque quando eu me iludo, dou um olê em mim mesma. Porque quando eu começo achar alguma coisa, eu devaneio.
Então aquele menino com cara de sujo, de poucos amigos e esquisitão, ficou tão lindo refletindo nos meus olhos e tudo que deveria ter feito com que em me afastasse acabou virando charme. E uns amigos diziam, não se mete com ele, ele é mais problématico que você. E eu quase suspirava alto.
Eu sonhei dias, noites, muito muito tempo com ele. E se dividi horas com ele foi muito. Claro que pra mim foram eternas, claro que eu via estrelas no céu, parecia feriado, festa na praça central era o que eu queria sentir. E era o que sentia.
Eu amei sozinha, achei que nunca mais aquelas lembranças se tornariam brandas, eu que nunca consegui gravar muito dos outros tinha a imagem dele tatuada na minha retina. Como esse amor não correspondido me ensinou. Muito mais que os vividos intensamente antes dele. Lições para a vida toda.
Aprendi que o amor nasce em mim, pode crescer e enraizar no outro ou não. Que ninguém é obrigado a amar o outro por pena. Que mesmo que o encontro seja lindo e pareça final de filme de sessão da tarde o outro alguém pode não se comover como você. E o principal, aprendi que a felicidade não depende da realização de um sonho lindo de amor-eterno-com-um-desconhecido-bem-posicionado, a felicidade a dois surge depois que a pessoa envolvida e conhecida, internalizada, compreendida e respeitada. E na minha relação com esse menino-bobo-dos-sonhos nunca existiu respeito.
Demorou muito pr'eu poder visualizar esse pseudorelacionamento desse modo. Precisei de experiências concretas que derrubaram aquelas paredes tão fortes que eu crie em volta dele. De alguém que trouxesse algumas sementes e plantasse um imenso e lindo jardim.

terça-feira, março 02, 2010

Percebi.

Eu sou feliz. Dei-me conta disso às quatro da tarde de um dia chuvoso, por ter amado a todos com tudo que podia, por ter ido até onde nem os meus olhos alcançavam, por ter dado até aqueles restinhos de amor que ficam nos cantos. Hoje sei que dei o que era necessário. Nem mais, nem menos, nem.

Amei cada um como se fizesse uma oração por todos juntos. Em cada pôr-do-sol de tirar o fôlego. Em cada amanhecer na praia. Todas as vezes que inesperadamente quase pisei numa flor que surgiu no meio do caminho como uma espécie de presente, agradeci os instantes divididos e inesquecíveis.

Desde pequena, sempre que eu me sinto muito feliz, sempre que sinto aquele cheiro mágico de momento único no ar, faço uma panorâmica. Tento reter tudo que pode me fazer lembrar dali a muitos e muitos anos aquele instante que não viverei mais. Eu nunca consegui aceitar sem queixas que um dia eu esquecerei tudo. Como minha avó que no fim da vida não era capaz de pronunciar palavra alguma nem lembrava de ter feito isso um dia ou a importância que isso tinha.

Como poderia esquecer todas as conversas reveladoras que tive, todos os amigos-irmãos de alma, todos os amores inesquecíveis. Como?

Como poderia ter vivido essa vida sem ter amado a todos que amei, sem ter vivido tudo que ela tinha para me oferecer. Dos presentes que essa vida me proporcionou o que foi mais delicioso viver foi o amor. Todos os tipos. Aqueles que surgiram da admiração mútua. Aqueles que transbordaram da amizade. Aqueles que só tinham explicação na carne. Aqueles que só existiram nos sonhos. Os que surgiram sutilmente. Os avassaladores. Aqueles que sem os quais a vida não faria sentido. Aqueles que depois de tudo deram sentido a minha vida. Eu fui o amor. Eu sou.

Principalmente o amor que dedico à palavra. E toda a emoção que ela me dedicou por toda a vida. A minha maior devoção. A única.

Amei. Amigos. Idéias. Livros. Telas. Filmes. Fotografias. Movimento. Dança. Música e músicos. Autores. Completos Desconhecidos. Noites. Dias. Tardes. Segundos. Amei quase sem querer tudo que passou pelos meus olhos, tudo que por mim foi pronunciado. Tudo que faz com que o amor ainda exista em mim.

Peço à força que movimenta o mundo e proporciona tudo, que eu não perca as minhas lembranças quando a velhice me encontrar. Que as lembranças que as pessoas que convivi possui de mim não sejam descartadas quando desaparecer, elas são a minha própria vida. Que as palavras não me abandonem nunca. Que os amigos-irmãos-de-alma sejam eternos. Que a alma para sempre transborde de amor, para que cada dia eu ame mais e mais mesmo que isso me deixe um pouco zonza, confusa, e com os olhos cheios d’água. Mesmo que...