Não quero escrever sobre os passos que eu já dei nessa vida. Porque eu piso forte na terra, porque eu me represento através dessa decisão de sempre olhar e andar para frente, ir. Sobre os calos e a poeira por toda parte, no momento eu não quero sentir, reviver. No meu presente, andando quase não consigo ver meus pés, é que tem uma menina na frente. Uma pequena que chuta forte no meu ventre como se quisesse andar pra frente mais rápido que a mãe. Não poderia descrever sobre esse turbilhão de sentimentos e pensamentos que me rodeiam, é tanto querer e sentir que me transborda.
Acho que isso de gerar e cuidar de um ser novo, pesa nas minhas lembranças de infância, porque eu não fui uma criança fácil, nem foi fácil ser criança dentro daquele contexto. E ainda sim eu andei para frente, mas será que esse era mesmo meu caminho? Será que vez ou outra eu não deveria sentar num canto e sentir tudo de algumas vivências? Eu não pude, sentar e sentir algumas coisas com calma. Algumas vivências eram duras demais.