terça-feira, março 02, 2010

Percebi.

Eu sou feliz. Dei-me conta disso às quatro da tarde de um dia chuvoso, por ter amado a todos com tudo que podia, por ter ido até onde nem os meus olhos alcançavam, por ter dado até aqueles restinhos de amor que ficam nos cantos. Hoje sei que dei o que era necessário. Nem mais, nem menos, nem.

Amei cada um como se fizesse uma oração por todos juntos. Em cada pôr-do-sol de tirar o fôlego. Em cada amanhecer na praia. Todas as vezes que inesperadamente quase pisei numa flor que surgiu no meio do caminho como uma espécie de presente, agradeci os instantes divididos e inesquecíveis.

Desde pequena, sempre que eu me sinto muito feliz, sempre que sinto aquele cheiro mágico de momento único no ar, faço uma panorâmica. Tento reter tudo que pode me fazer lembrar dali a muitos e muitos anos aquele instante que não viverei mais. Eu nunca consegui aceitar sem queixas que um dia eu esquecerei tudo. Como minha avó que no fim da vida não era capaz de pronunciar palavra alguma nem lembrava de ter feito isso um dia ou a importância que isso tinha.

Como poderia esquecer todas as conversas reveladoras que tive, todos os amigos-irmãos de alma, todos os amores inesquecíveis. Como?

Como poderia ter vivido essa vida sem ter amado a todos que amei, sem ter vivido tudo que ela tinha para me oferecer. Dos presentes que essa vida me proporcionou o que foi mais delicioso viver foi o amor. Todos os tipos. Aqueles que surgiram da admiração mútua. Aqueles que transbordaram da amizade. Aqueles que só tinham explicação na carne. Aqueles que só existiram nos sonhos. Os que surgiram sutilmente. Os avassaladores. Aqueles que sem os quais a vida não faria sentido. Aqueles que depois de tudo deram sentido a minha vida. Eu fui o amor. Eu sou.

Principalmente o amor que dedico à palavra. E toda a emoção que ela me dedicou por toda a vida. A minha maior devoção. A única.

Amei. Amigos. Idéias. Livros. Telas. Filmes. Fotografias. Movimento. Dança. Música e músicos. Autores. Completos Desconhecidos. Noites. Dias. Tardes. Segundos. Amei quase sem querer tudo que passou pelos meus olhos, tudo que por mim foi pronunciado. Tudo que faz com que o amor ainda exista em mim.

Peço à força que movimenta o mundo e proporciona tudo, que eu não perca as minhas lembranças quando a velhice me encontrar. Que as lembranças que as pessoas que convivi possui de mim não sejam descartadas quando desaparecer, elas são a minha própria vida. Que as palavras não me abandonem nunca. Que os amigos-irmãos-de-alma sejam eternos. Que a alma para sempre transborde de amor, para que cada dia eu ame mais e mais mesmo que isso me deixe um pouco zonza, confusa, e com os olhos cheios d’água. Mesmo que...

2 comentários:

renata disse...

lindos desejos, pura poesia.
tão bom qdo a gente percebe, né? assim, sem mais.
flor, mudei de endereço, qdo puder passa lá: http://bichosoltoblog.wordpress.com
bjo bjo bjo

Chicas de Fé disse...

Tão bom vir aqui e se encher com o seu desejo apaixonante de vida...deixa a sensação de que é possivel pra mim tbm. bjos de muitas saudades, katia.