Hoje completa exatos 45 anos do golpe de 64. Diria que hoje eu consigo relembrar de um tempo que não vivi. Quando entrei no movimento estudantil li fascinada a história de tantos outros estudantes que como eu lutaram pelo direto de expor suas crenças, suas idéias de melhoria.
Eles Deram o suor e um pouquinho mais. Deram o sangue e um pouquinho mais. Os gritos, as dores, os medos, a coragem e a única coisa que acabavam com as próximas possibilidades de dar, a vida.
"Nos primeiros dias após o golpe, uma violenta repressão atingiu os setores politicamente mais mobilizados à esquerda no espectro político, como por exemplo o CGT, a União Nacional dos Estudantes (UNE), as Ligas Camponesas e grupos católicos como a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Ação Popular (AP). Milhares de pessoas foram presas de modo irregular, e a ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste. O líder comunista Gregório Bezerra, por exemplo, foi amarrado e arrastado pelas ruas de Recife. "*
Estando eu no nordeste notícias como essa repercutiram muito dentro de mim. Claro que a conjuntura que vivi enquanto ME (movimento Estudantil) não representa nem de longe o que foi vivido em 64, mas acredito sim que a coisa no nordeste não mudou nada. Muitos nordestinos ainda resolvem seus problemas na bala, na pexeira e afins. Inclusive problemas políticos. Eu mesma sendo do ME fui ameaçada dezenas de vezes, perseguida por professores em sala de aula e fora dela, já jogaram o carro em cima de mim na rua, já depus para PF (Polícia Federal), já entrei em camburão e sai rapidinho por ser menor, já tomei advertência da PF, me meti em brigas em manifestações, tantas tantas coisas, que nem de longe representa o horror que foi a Ditadura Militar, mas que já me deram a noção de o quanto pode ser pesado querer defender-se, legitimar-se, expor idéias.
Essa não é uma homenagem ao golpe longe disso, é só uma lembrança 45 anos depois, relembrar os mortos, os torturados, os desaparecidos. Serve também para relembrar a impunidade aos torturadores anistiados, os mandantes-políticos torturadores, os médicos legistas inventores de atestado de óbito suicida. Ao momento da nossa história que repercute até hoje o que somos, e/ou o que sou por exemplo.
Talvez seja só mais um grito, só mais uma recordação de quem não viveu esses 21 anos de dor e muita luta, que seja, mas ainda sim é um grito e os gritos por aqui ecoam...
*fonte:ttp://www.cpdoc.fgv.br/nav_fatos_imagens/htm/fatos/golpe64.htm
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