terça-feira, março 31, 2009

45 anos depois...

Hoje completa exatos 45 anos do golpe de 64. Diria que hoje eu consigo relembrar de um tempo que não vivi. Quando entrei no movimento estudantil li fascinada a história de tantos outros estudantes que como eu lutaram pelo direto de expor suas crenças, suas idéias de melhoria.
Eles Deram o suor e um pouquinho mais. Deram o sangue e um pouquinho mais. Os gritos, as dores, os medos, a coragem e a única coisa que acabavam com as próximas possibilidades de dar, a vida.



"Nos primeiros dias após o golpe, uma violenta repressão atingiu os setores politicamente mais mobilizados à esquerda no espectro político, como por exemplo o CGT, a União Nacional dos Estudantes (UNE), as Ligas Camponesas e grupos católicos como a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Ação Popular (AP). Milhares de pessoas foram presas de modo irregular, e a ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste. O líder comunista Gregório Bezerra, por exemplo, foi amarrado e arrastado pelas ruas de Recife. "*


Estando eu no nordeste notícias como essa repercutiram muito dentro de mim. Claro que a conjuntura que vivi enquanto ME (movimento Estudantil) não representa nem de longe o que foi vivido em 64, mas acredito sim que a coisa no nordeste não mudou nada. Muitos nordestinos ainda resolvem seus problemas na bala, na pexeira e afins. Inclusive problemas políticos. Eu mesma sendo do ME fui ameaçada dezenas de vezes, perseguida por professores em sala de aula e fora dela, já jogaram o carro em cima de mim na rua, já depus para PF (Polícia Federal), já entrei em camburão e sai rapidinho por ser menor, já tomei advertência da PF, me meti em brigas em manifestações, tantas tantas coisas, que nem de longe representa o horror que foi a Ditadura Militar, mas que já me deram a noção de o quanto pode ser pesado querer defender-se, legitimar-se, expor idéias.
Essa não é uma homenagem ao golpe longe disso, é só uma lembrança 45 anos depois, relembrar os mortos, os torturados, os desaparecidos. Serve também para relembrar a impunidade aos torturadores anistiados, os mandantes-políticos torturadores, os médicos legistas inventores de atestado de óbito suicida. Ao momento da nossa história que repercute até hoje o que somos, e/ou o que sou por exemplo.
Talvez seja só mais um grito, só mais uma recordação de quem não viveu esses 21 anos de dor e muita luta, que seja, mas ainda sim é um grito e os gritos por aqui ecoam...

*fonte:ttp://www.cpdoc.fgv.br/nav_fatos_imagens/htm/fatos/golpe64.htm

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