quinta-feira, março 08, 2012

E se...?

Se tudo tivesse sido diferente, terminado diferente o que seria a gente? Um tal casal? Depois de tanta intimidade e cotidiano será que daríamos conta de nos aventurar a ser um tal casal começando do zero? Ou pior, de onde estávamos que já era bem longe e estragaria o contexto irremediavelmente, eu sei, porque te conheço. Crescemos juntos. Não consigo me imaginar vivendo esse tal casal caprichoso, nunca senti vontade de correr ao seu encontro, viver cena de filme contigo de casal apaixonadinho. Cansa. Colecionamos tantos por-do-sóis visto de dentro do mar, madrugadas de conversa, sonhos e sonos juntos, confidências de pé de ouvido, de olho no olho, dividimos medos, conquistas, amores, paixões, comida no mesmo prato, vodca do mesmo copo, cama de solteiro, cama de casal, cigarros, férias e datas especiais. Porque tudo isso não foi suficiente? Porque o que eu dava para mim era tudo que tinha e para você sempre foi pouco?
E se conseguíssemos entender a gente, liberar o super ego e falar sem omissões sobre nós, será que algo sobraria de lembrança? Ou será que finalmente colocaríamos essa história em seu lugar? Nunca saberemos. O que eu sei é que não troco sexo pelo que tivemos, não troco o que construímos (principalmente os bons momentos sem brigas e DRs) para formar esse tal casal. Porque seria uma mentira, porque não seria recíproco, porque depois de um tempo esse joguinho ficou para mim indigesto, chatinho e cansativo. Porque - e isso pode ser até cruel - eu te conheço demais para cair no seu papo de vida a dois, nunca esqueça quanto tempo faz que nos conhecemos, principalmente o dia que passamos a conversar com olhares e gestos. Era o que eu podia te oferecer de mais audacioso e honesto, mas não, não era o suficiente, você ficou preso no e se... por anos, confabulando o e se..., guardando seus planos para ele. Planos que não foram compartilhados comigo, logo nós dois que compartilhávamos a vida a tanto tempo.
Como eu fico sem o abraço de urso, sem o cacho enrolado no dedo e um filme no cinema? Como eu fico se eu não posso me obrigar, principalmente por que eu não quero, a viver do seu e se...? Sabe... eu quero um e se... diferente pra nós. Mais ou menos assim: e se você fosse franco, e se você esperasse menos, e se você tivesse sido compreensivo e respeitado meu querer, e se você não fosse possessivo e se não criasse a obrigatoriedade de ter sempre razão, e se não brigássemos tanto, e se esse contrato de amizade fosse melhor redigido, e se eu não conhecesse seus defeitos tão bem, e se você quisesse ser alguém melhor, e se a gente não tivesse tentando ficar junto há muito tempo atrás. E se eu precisasse tanto de você e nem você de mim, e se conseguíssemos construir algo mais saudável e até mais sólido. Porque teve uma época que foi pesado, cansativo e sem expectativa de melhoras, e um dia qualquer por volta das três da tarde você me desencantou, não fez nada grave não, foi sutil você nem percebeu, porém eu olhei pra você e pensei para que e por que a gente ainda tá nessa? E eu não tinha mais motivo para estar lá, só a certeza da saudade irracional que eu sentiria se tudo aquilo acabasse, mas sim meu querido eu tinha desistido de você, e você até pensa que foi sem tentar, porém saiba que teve uma época que eu tentei, que eu questionei a possibilidade do tal casal e você não me contagiou com seu projeto. Não me deu vontade de largar o status de amiga, porque só isso que você queria trocar o meu status, saliva e secreções e eu achei pouco o que você oferecia para trocar por tudo que eu dava e não aceitei, tudo foi bem rápido mas aconteceu e você nem notou que aquela era sua chance. Talvez ainda estava confabulando o e se...? Apanhei minhas bolinhas de gude e mesmo triste decidi não mais brincar com você, por mais que você fosse um pessoa que eu ame tanto sem nem saber direito de onde isso vem. E eu estou assim agora aposentada do nosso joguinho.

Um comentário:

dudu disse...

Tudo bem que você use esse espaço pra descarregar coisas que de outra forma talvez você não conseguisse mas, e aí está o problema, você realmente acredita nisso tudo não é? Pois bem, eu também não entendo por que eu te amo tanto, não mesmo, mas a nossa relação pra mim sempre significou primordialmente uma coisa: a possibilidade de viver um amor pleno, de viver uma paixão arrebatadora, de me perder em você e fazer de nós dois uma coisa que só a gente entende, numa língua que só a gente sabe... e você pensa que eu estava no e se? Não coração, eu já sabia há muito tempo, não vou fazer disso um jogo de culpa tá bom?

P.s.: se vc realmente quer me dizer alguma coisa, fale comigo, eu não vou mais acessar o seu blog com esperanças de encontrar qualquer coisa sobre nós dois, eu me recuso.