sábado, março 26, 2011

Analisando.

Eu sou uma pessoa boa. Não ignore o que eu digo, eu sou um pessoa boa. Simplesmente acate. Eu sou uma pessoa estranha. Não questione. Eu sou, deixe-me ao menos simplesmente ser.
Espero sentir, perceber, ver o amor em tudo, em todos. Suporto qualquer migalha e em qualquer esquina menos a ausência. As vezes eu sinto a ausência do amor, do afeto, da força que atraí as pessoas. E sinto um afastamento veloz e silencioso, pessoas indo, indo, não as incomode um dia elas hão de ir mesmo. Quanto mais consciente forem menos dolorido será.
Penso que as vezes sou um iceberg se separando do continente, almejando distâncias, um iceberg que sonha (já sonhou e quem sabe voltará a sonhar) viver a deriva, sem ter que manter relações com o continente, o continente é frio e opressivo, e grudado no continente eu só sou parte e nunca ser.
Queria não compreender, devanear tanto sobre as coisas. Quando pequena eu queria o contrário. Não sei mais muito bem o que eu quero, além de só ser.
Quero sentir que há uma ligação, ver os nós que juntam as vidas, quero vê-las entrelaçadas. As vezes abro os olhos devagarinho pra ninguém perceber que ando duvidando e vejo com a rabeta dos olhos o enlace se desfazendo, bem devagar, e tenho medo, de um dia sem querer ver a vida definitivamente desenlaçada, como um balão cheio de hélio voando por ai.

mas se assim for, assim será.

terça-feira, março 22, 2011

dia-a-dia

Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma cama branca
e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma vida branca
e limpa à minha espera.

Ana Cristina Cesar


Leminski no braço, ainda um tanto ardido, quase um mantra do qual eu não pretendo me distanciar "Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além...". E algumas margaridas, um pouquinho do Caio, algum desespero cercado de paz por todos os lados. Então eu me liberto ainda mais. Compreendo-me cada dia mais, e me perco na compreensão das coisas cotidianas.
Eu não sei como tudo mudou, não vi em que passo as coisas finalmente se assentaram. E nem quero me prender a isso. Quero mesmo comemorar a amizade próxima, os telefonemas diários, a serenidade momentânea, está certa alegria, a tatuagem nova, o amor desmedido, o encontro. Quero comemorar a vida que construo nas pequenas coisas, na raça, no dia-a-dia.
Mesmo que essa alegria seja silenciosa, que a Tiê ainda me comova, que ainda me faltem palavras eu tenho seguido. Um passo de cada vez, as vezes lentamente, as vezes rodopiando. Espero que esse ano eu tenha maturidade para enfrentar o meu aniversário que já bate à porta sem crises e tristezas. Páginas viradas Bin, páginas viradas. E boa parte de um livro imenso em branco, disponível para alguns poemas, algumas histórias e casos. E uma vida inteira para se refazer o quanto for necessário e/ou suficiente pra ser feliz.

E eu sou. Ou pelo menos estou.