terça-feira, outubro 02, 2012

Uma nova viagem.

Eu já tentei fazer isso algumas vezes, voltar a escrever aqui e expor. Eu andei pensando para dentro e criei um medo meio bobo de colocar para fora, tenho percebido os meus sinais, respeitado os meus sinais e de alguma forma filtrado o que é só meu e que pode ser dividido. Claro que eu nunca quis e/ou soube fazer isso, eu apenas TIVE que aprender a fazer, umas espécie de auto-proteção e um silêncio desconhecido meu me tomou. Eu estive calada durante meses e hoje desde que abri os olhos fiquei com essa compulsão de mais uma vez me dar e ignorar o que hão de fazer de mim. Vamos lá, mesmo que eu ainda nem esteja pronta.

Eu entrei num trem, não sei porque, acho que me vi naquelas cenas de filme, numa daquelas estações bem cheias de gente, muitas pessoas se empurrando e indo de lá pra cá. Eu acho que eu estive sentada nessa estação durante muito tempo puxando papo com as pessoas que sentavam ao meu lado meu Forrest Gump, porque eu não sabia qual o horário e o destino do trem que deveria pegar, ou usava isso como desculpa. E do nada algum impulso me fez levantar olhar ao redor e chorar como se fosse uma despedida. E eu fechei ciclos, vi além de espelhos, fiz escolhas impossíveis, aceitei os empurrões e quando dei por mim estava num trem, que eu não vi para onde ia, nem que horas chegaria, mas finalmente eu estava no trem e o frio na barriga da descoberta de ir em frente e deixar uma cidade possível para trás me deu fôlego novo. 
Nunca fui ligada ao destino e sim as descobertas do caminho, não saber para onde o meu trem vai não me assusta, sair da zona de conforto não me assusta, momentaneamente estar tão longe de gente tão querida não me assusta. Porque eu estou num trem que me levará a aventuras novas, a viagens novas e tantas outras descobertas. Sempre que se cresce, se ganha ou se perde é uma escolha e eu instintivamente fiz algumas nos últimos tempos. 
Sei bem o quanto era confortável permanecer sentada no banco da estação acompanhando as histórias das pessoas e conversando sem tempo de pensar sobre o porque de estar ali, sei o quanto revelei-me aos outros fazendo isso e principalmente sei o quanto conheci de mim sentada naquela estação e tudo foi válido. Doeu, diversas vezes decepcionou, criou algumas cascas, porém me deu uma ótima bagagem para embarcar. Deve ser uma viagem de aventura porque eu tenho sentido isso no meu íntimo. Deve ser mais uma daquelas coisas que mudam o trajeto da vida sem que a gente se dê conta, vai exigir muito de mim, como sempre, mas vai me levar além de alguma forma. E não há essa coisa boba de se estar pronta ou não o trem tem seu próprio tempo e não sou eu que digo a hora certa de seguir, é mais energético do que se imagina é um estar disposto, disponível, é ser atraído por essa força que muda o mundo. os mundos. Não há estrategia nem rota de viagem, nem lugares que eu não posso deixar de conhecer, é tudo muito solto, vago. Não, é tudo muito preso, muito bem marcado. Mentira, é como água de rio, é livre para decidir e ousar no caminho e segura para saber que nada vai mudar o rumo necessário que se deve seguir. E no fim da viagem, do curso do rio sei lá, nem o rio, nem trem, nem eu seria mais a mesma. Que bom.