domingo, maio 29, 2011

É só sobre o amor.

Dedicado a Dani e François.

"E se o amor não nos quiser, então azar do amor, que não soube nos amar..."*

O tempo todo o amor é pauta de algumas das minhas conversas com amigos, sim eu tenho amigos passionais. Sim, eu sou passional também. Nós queremos entender o amor, pelo menos é o que eu quero, entender de onde vem a força das teias que nos prendem neste assunto. O que não nos faz esquecer. O amor domina a gente e não o contrário.
Porque o amor toma as rédeas da vida da gente, bagunça tudo, o que era certeza deixa de ser, o certo ou errado não existe, o bom ou o mal idem. Quando se ama acredita-se! Se faz promessas. Planeja-se. Sonha-se. E um dia, um tempo depois, ou nem tanto tempo assim, no sutil do de repente, pluft! Deixa de ser. E a gente odeia o amor quando isso acontece, os planos, os sonhos, as promessas?! Pra quê? Pra quem? É uma loucura, um distanciamento do real.
O príncipe morre, o amor da vida da gente não é mais a vida da gente, e os defeitos, putz os defeitos ganham neon e evidenciam-se, e é tão ridículo ver o quanto a gente é bobo. Vergonha alheia, sofrimento honesto. Dor mesmo.
A gente cresce e depois das primeiras decepções cria casca. Se entrega menos, acredita menos, finca os pés no chão, aprende a amar os defeitos, a ser mais flexível, a falar menos ou pensar um pouco mais antes, e vive o amor manipulado. Que nunca mais vai fazer nó na garganta, nunca mais vai transformar a gente em bobo da corte, nunca mais vai ser amor.
Porque o amor manipulado é consciente, é menos dolorido, mais confortável, mas nem de longe vai ser o amor que eu sonhava sentir quando era menina. Que eu senti nas primeiras vezes, e que eu guardo ainda hoje num lugar muito especial. Acho mesmo que o amor pode ficar assim mais careta e tem seu lado positivo, mas quando ele perde o jeito sapeca de dar olé na vida da gente também perde a graça. Queria o meio termo existe?
Queria que amar não fosse tão dolorido, mas é assim mesmo. Queria não ficar tão perdida e ameaçada com ele, mas eu fico. Queria não querê-lo tanto, mas eu o quero sempre. Porque se a gente não ama, faz o que da vida? Eu não sei.
Eu tenho grandes amores, amores que eu acumulei na vida, ex namorados, marido, amigos, irmãos-de-alma, e todos eles são doloridos, doces, ansiosos, indecisos, prazer, ódio e um pouquinho de tédio. Todos eles são ricos em experiências, todos eles aquecem a minha alma, todos eles me compõem.
O amor que eu não sei explicar mas que me move todos os dias, por muitas pessoas é o que me faz humana, é o que me iguala, é o que eu não sei deixar de sentir.
Mesmo que doa. Que fure a carne. Eu sou o amor da cabeça aos pés.

*Ouvindo Mesmo quando a boca cala, Bruna Caram e Vinicius Calderoni.

quarta-feira, maio 25, 2011

Desistir as vezes é não ceder.

E mais uma vez eu não suporto a pressão de fazer parte do todo e desisto de mais um período da universidade, já escrevi sobre isso tanto que me encheu, escrevi para entender sabe? Mas não dá para entender porque eu não consigo seguir com a maré, gostar da maré, ser a maré. É dessas incapacidades humanas, eu não sei fazer parte, estar incluída, difícil... Penso diferente dos outros, falo coisas que os outros não diriam, tomo atitudes que os outros não tomariam e o melhor de tudo é honesto. Eu realmente sou isso, a marginal. Eu realmente não quero ser maré, seria onda indo e vindo o quanto for necessário, mudando de rumo, adquirindo experiências na beira da praia.
Isso é bom, doí pra cacete, mas é bom. Acho que me moldei para isso a vida inteira e não sei mais ser de outra forma. Foi estranho crescer como cresci, viver o que vivi e ficar do jeito que fiquei, pode ser só um estágio sabe, um momento que eu estou e não consigo sair (confesso que nem quero) só me cansa essa obrigação de defender meu ponto de vista para os outro, me cansam os olhares incrédulos, as piadinhas, a palavra omitida sobre a minha decisão.
Não, ninguém tem direito de dizer qual caminho devo seguir, ninguém pode me obrigar a fazer o que não quero, fazer o que eu não sou capaz. Estou crescendo agora de um jeito bem dolorido e cheio de sacrifícios e só peço aos meus poucos leitores e bons amigos que respeitem isso.
Tem tanta coisa dentro de mim que eu não entendo bem, tantos quereres inconfessáveis, tantas dúvidas, tantos caminhos. E sinceramente não tenho planos de me prender a essa questão que nunca fez muito sentido para mim da obrigação de concluir a universidade, de fazer parte do grupo.
Quero ler o que me toca a alma, quero compreender os textos que eu escolhi, quero criar grupos para discutir a literatura que gosto, não estou dizendo que isso não é ingênuo e utópico, não me dou tanto valor assim, mas é o mais honesto sobre isso que pode sair de mim nesse momento.

quinta-feira, maio 05, 2011

Porque você me deu a oportunidade de viver o novo

Passei a tarde com meu pai hoje, ele me pegou no trabalho, almoçamos juntos, ouvimos música e conversamos sobre elas, ele me mostrou canções antigas eu apresentei bandas novas a ele, conversamos também sobre conduta, princípios, religião, política, união homoafetiva, amizade, relações e casamentos. Porque a gente adora conversar, trocar histórias, dividir a vida e nessas horas finjo que esqueço (ou acabo realmente sem notar) que na verdade ele é o pai da Isadora (minha amiga-irmã-de-alma que mora na Venezuela)eu fui adotada pelo amor da família dela, pelas coisas em comum que gostamos, e pode não ser de verdade, porém eu não me imagino sem eles.
Porque na vida o que importa é amar, ser amado, e não importa que família tem mais haver com a gente se a biológica ou a afetiva, não importa o tamanho do sofrimento e das perdas paternas que eu tive não há remédio. O que importa que houve tempo e sorte para encontrar essa convivência agradável, essa família "emprestada" para aprender o que não pude, para viver o que não vivi, para amar sem medidas como nem sabia que podia. Eu amo e posso, acredite!