quarta-feira, novembro 24, 2010

Uma certa conversa...

-Oi?
-Oi!
-Como cê tá?
-Você tem tempo pra ouvir a resposta?
-Tô meio atrasado. Só queria mesmo saber se você tá bem.
-Se quer mesmo saber, as vezes eu até fico bem. E você?
-Vivendo.
-Me ensina?
-O quê?
-A viver sem esse nós.
-Temos que um dia conversar sobre isso. Deixa eu cicatrizar.
-Me ajuda a parar de sangrar então que eu espero.
-Eu preciso mesmo ir.
-É o que você sempre faz. Vai!
-Como assim? Alguns poucos minutos e já julgando?
-É ou não é o que você sempre faz quando eu quero conversar?
-Quando é sobre isso eu realmente não quero prosseguir.
-Isso, mandou dizer que tá bastante fragilizado, mas topa mais algumas doses cavalares de nós.
-Você e seus dramas.
-Você e suas fugas.
-Vai ver por isso a gente se afastou.
-Será?
-Por isso que eu acho que a gente precisa conversar...
-Até o fim ou é pra começar e parar quando ficar difícil pra você?
-Preciso que você entenda: Você significa muito pra mim. E eu estou precisando tanto de você...
-Eu também preciso que você entenda que você faz parte do meu mundo, que eu preciso desabafar e discutir esse nós com você até o fim, e dessa vez você deixando as coisas simplesmente acontecerem...
-Te quero bem viu?
-Te quero como vier.
-Esse nós não tem nos feito bem.
-Essa pausa nossa tem me consumido. Eu sei que a gente volta, só não suporto o silêncio desse espaço no meio.
-Sinto falta também.
-Sinto um bocado de coisas... Boas e más.
-(baixinho) Eu só sinto falta de sentir você...
-O que você disse?
-Disse que a casa sente a sua falta.
-É estranho mesmo não ter acesso livre lá.
-Você tem, sempre terá e sabe disso.
-Você é mesmo estranho, a gente mal se vê. Você nunca está aberto o suficiente para conversar comigo. Se é que está assim agora.Como eu vou entrar naquela casa com todo esse contexto?
-Estou conversando não estou?
-Só até quando não houver pressão.
-Eu não sou assim como você me pinta.
-Eu sei que tende a ser muito mais ou até muito menos do que eu imagino. Você sempre tão trancado me admira muito conhecer tanto.
-E você conhece. Com certeza a que mais conhece, por isso fico triste quando você manipula o que sou a teu bel prazer.
-Sempre estou fazendo besteiras né? E você sempre é a vítima. Será que um dia muda?
-Espero que o amor que sentimos um dia estabeleça uma trégua.
-Espero que você me deixe aconchegadinha no lugar que escolhi pra mim dentro de você.
-Espero que você um dia se mude em mim, e queira ficar num lugar mais nobre.
-Estou em você, e até me confundo as vezes.
-Sinto isso também.
-"O tudo" que eu posso te dar nunca é suficiente pra você.
-Você não quer conversar sobre isso aqui e agora né?
-Não. Quero esperar mais um 8 anos até doer menos. Até deixar de senti. Até que esse nós se acabe depois de uma morte natural.
-Você fala como se fosse trágico.
-Não, não é. É drama, dramalhão barato. É comédia boba. É o que todo mundo vive todo dia entre às 06 da manhã e às 5 da tarde. Porque o que a gente tem já aconteceu tantas vezes né? Com tantas outras pessoas. É um tremendo dum clichê!
-Não quis dizer isso sua boba. É a maior relação que tenho vida.
-No meu caso é a minha própria vida. Porque eu não sei ser eu mesma sem ter você por perto como espectador assíduo da minha vida. Porque as coisas precisam ser divididas, porque pr'eu conseguir pensar melhor eu só preciso poder conversar com você sem amarras sem julgamentos.
-Eu vou estar sempre.
-Será?
-O que eu preciso fazer para você acreditar em tudo que eu já disse e fiz até hoje para preservar o que temos, mesmo que eu não seja a pessoa da sua vida, peça chave do seu plano de família. Mesmo que eu nunca consiga suprir totalmente as minha necessidade de você. Eu quero de você o que vier, o que você me dar. Você entende?
...
-Entendo. Entendo também que você nunca vai parar de cobrar, mesmo sabendo que essa é a única forma de continuarmos, a única forma de dar certo. olha sou eu agora que não conversar, qualquer dia a gente se bate nesse mesmo corredor. Um dia que estiver mais cicatrizada. Tchau.
-Ei, espera! Agora você vai me ouvir. Você não pode ir embora assim sem saber que eu quero ser hoje e por muito tempo exatamente o que eu represento pra você sem cobranças, eu entendo esse nosso jeito de interagir, pelo menos acho que entendo. E aceito, e quero muito viver isso e todas as doses possíveis desse nós.
-Sério? Eu senti tantas saudades... Vem cá me dar um abraço.

sexta-feira, novembro 05, 2010

Tenho um milhão de coisas pra conquistar e eu não posso ficar aqui parada.

Tenho vontade de aprender tanta coisa que ainda não sei e não tenho a mínima ideia se consigo mesmo aprender essas coisas. E daí? Eu tenho um mundo inteiro baby, depois de você e de suas crises melodramáticas, tenho o mundo inteiro. Tenho tantas pessoas e coisas a conhecer, tantos sabores a provar.
Um mundo que se remonta todos os dias diante dos meus olhos, do lado de fora do meu apartamento minúsculo entulhado de livros e histórias loucas do passado, sonhos pro futuro e um amor de muitas vidas, o meu companheiro amigo-urso. Eu hoje conheço o prazer de dividir-confundir a minha vida com tantas coisas e pessoas, entendo que não possuo ninguém e compreender isso é revelador para um bando de coisa que eu ainda pretendo na vida. E eu pretendo tanta coisa... Não faz ideia.
Infelizmente eu ainda não perdi essa mania besta de escrever sobre isso, sobre esse nós rasgado e sujo, que hoje é tão alheio a você como a cotação do dólar é a mim. Eu te aceito, ou melhor, não te esqueço, não te deixo ir embora porque mesmo sem ter ido definitivamente já me faz a maior falta. E você? Onde está no meio disso que vivemos e vivo? Você simplesmente não está. Se é que já esteve além do corpo presente, uma noite e outra e algumas meias verdades. Mania que eu vou tirar de mim um dia. Porque eu já disse pretendo viver umas outras coisas que estão por aí só aguardando esse espaço que você ocupa e não cuida, não trata e que se depender de você morre. Mas esse você em mim independe de você e é só por isso que existe.
Quero andar de bicicleta por aí sem me preocupar, quero tecer novos planos, organizar as ideias, continuo querendo gritar de dor-de-mundo, ler, ouvir, crer e há tão pouco tempo para fazer tudo isso. Mas eu quero, de algo jeito meio louco, eu vou fazer algumas ou todas essas coisas, no meu tempo, do meu jeito porque você não existe mais, porque você já está de dias contados a muito tempo, você vai de vez. Vai sim.
Até a saudade vai junto. Mesmo que da boca para fora.