terça-feira, setembro 29, 2009

Sobre porque eu não consigo acabar a faculdade.

Eu sinto uma falta daquelas tardes inteiras de aulas cabuladas, de bate-papo, debates políticos, sonhos e ideais. Não que eu ainda não os tenha, só estão aqui guardados embaixo de um pesado medo de me mexer. Saudades daquele vento no rosto, sol a qualquer hora sem protetor solar, cara limpa, ou melhor, cara suja de tinta e palavras de ordem. Sinto falta da "menina eu" que sempre tinha algo a dizer sobre tudo, que pensava enquanto falava (ainda faço isso, mas não do mesmo jeito), que sabia quem era e acreditava muito nisso. Da menina sempre de havaianas que nunca engoliu seco preconceito, ignorância e descaso.
Aquela menina que eu era que não tinha medo de policial nenhum, camburão, gente metida a besta, político corrupto e alienados em geral, que não tinha medo de não ter futuro, vivendo aquele presente intensamente. Dessa eu sinto falta. Porque vezemquando liga um amigo perguntando como anda a universidade, quando eu termino e então eu conto que desisti de mais uma matéria porque o professor(a) não era compromissado, que falava asneira, alienado mesmo. Que eu vou tentar pegar um melhor no próximo período, porque eu não pretendo fazer um curso capenga e etc. E só escuto críticas...
Ultimamente tenho tido muito medo, como se estivesse num barquinho apenas seguindo a corrente, me esticando para tentar ver o que há mais adiante e não há nenhuma terra a vista no momento. Claro que eu não ando me omitindo das decisões da minha vida, não essa não seria eu, só acho que no momento eu não estou sendo tudo que sou, tudo que posso ser. As vezes culpo o mundo e seus meios burrocráticos de fazer as coisas, as vezes eu saio apontando meu dedo durinho por aí colocando a culpa na metodologia de ensino atual, nos professores de merda, nos colegas de universidade alheios. E eu bem sei o quanto é errado sair julgando por aí. Mas eu sou essa e não posso, nem sei ser, compassiva com o defeito alheio, principalmente quando afeta tanto outras pessoas. Eu realmente não tolero e não acho que tenho que aprender a tolerar: Professor omisso, aluno apático, movimento de classe sem legitimidade.
Eu tenho andado por aí me perguntando será que nenhum universitário sentado naquela sala as nove da noite depois de um dia de trabalho duro se pergunta se aquele monte de loucuras que a lunática professora doutora terce não são verdades, que são reflexões bastante preconceituosas e de mal gosto. Será que ninguém quer pensar junto comigo, será que ninguém quer se juntar a mim e retirá-la daquele pedestal onde ela pensa estar e corrigí-la e repreendê-la?
As vezes eu me vejo tão pequenininha encostadinha num canto qualquer sendo apontada por tantas pessoas que me julgam com o dedo tão durinho quanto o meu. Dizendo-me: você precisa se formar, não interessa o que ela diz.; vão pra aula faz uma cara blasé e pronto.
E eu me lembro de um texto que eu li a algum tempo atrás no blog da Rê Penna sobre ser radical. E é exatamente como ela diz se ser radical é ser tudo que sou e fazer as coisas do jeito que eu acho que eu acho certo e melhor pra mim, eu sou.
Sabe de uma? Comigo não rola blasé e pronto.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Sobre a minha dependência.

Sempre gostei de sair sozinha, ir ao cinema sozinha, e todas essas coisas que todo mundo gosta de fazer junto. Desde pequena já era capaz de avaliar os motivos (digo, interesses) que faziam as pessoas ficarem próximas a mim. E houve até uma época em que eu aceitei aquela relação parasita, por pura necessidade era como se eu pagasse pra uma coleguinha sair comigo, dormir na minha casa, assistir tv e dançar junto, toda criança precisa de companhia né não? Mas um tempo depois cansei daquilo, fiquei enojada mesmo, e tirei todo mundo da rota.
Comecei a brincar sozinha e não era tão ruim, sair sozinha e voltar até contente, e assim acabei acreditando que era independente. Tola. Como se a solidão fosse me dar isso, mas foi essa a definição de independência que a minha mãe me deu. "Ser independente filha é não ter ninguém pra dar satisfações ou para ter que ceder". Veio o mundo e as mudanças e quebraram minhas pernas de garota-independente-de-meia-tigela.
Mudei de escola, e troquei de casco, mais ou menos como um caracol. E eu acredito que foi aí que tudo mudou. Conheci pessoas, me apaixonei por elas, suas ideias e seus ideais, e eles se tornaram amigos, daquele tipo que eu não conhecia dos que furam a carne da gente e se instalam. Daqueles que a gente acaba amando tanto que até doí. Eu tive/tenho amigos assim. E eles eram bem diferentes dos meus amigos de menina, não estavam a fim de dinheiro ou brinquedos, estavam a fim de dividir a vida e os sonhos comigo, em partes iguais. E aí dentro das definições da minha mãe, descobri o que era ser dependente, e eu era.
Dependia e ainda dependo de alguns daqueles amores muito, muito do que sou se deve aqueles momentos intensos e eternos que vivemos. E mesmo que a minha mãe inundada de todo seu rancor a vida pelo que aconteceu com ela, me diga, que ser dependente é ruim, que faz mal, que não é certo e chega até ser burro. Mesmo assim, eu fui, eu sou e eu continuarem sendo dependente daquilo que vale a pena ser, como sou daqueles amigos.

*Esse foi um dos temas do blog que tenho com uns amigos, para saber mais acesse: http://tudoetodosaomesmotempoagora.blogspot.com

terça-feira, setembro 15, 2009

saí de cartaz.

É o que acontece no fim da temporada. Não foi isso que tivemos, uma temporada?
Se o texto fosse bom, se os atores tivessem química e a produção fosse competente, até dava pra estender um pouco mais. Mas não foi o que aconteceu, não é mesmo? Puro improviso, sem texto, personagens despreparados sem nenhum ensaio, sem produção ou verbas.
A vida é mesmo assim. E o segundo encontro das nossas vidas não seria diferente. Estavamos por nossa conta. Tinhamos tanto... (pelo menos pra mim - o suficiente), tantos sentimentos a serem trabalhados. Eu acabar te conhecendo mais, você ia entender meus devaneios e a gente ia acabar conhecendo uma outra eu, um outro você.
E onde fomos parar? Você não investiu em nós. Isso mesmo, você não acreditou que essa amizade era possível. E para fugir me tirou de cartaz, cancelou a temporada. E eu ainda estou me equilibrando depois do golpe. Estou tentando achar um meio, focalizar um bom sentimento, algum bom momento nosso. Estou tentando guardar o que há de bom em você, do mesmo jeito que fiz na primeira vez, na verdade, na mesma caixa. E essa será a última vez que entulharei a sua caixa em mim, essa foi a última vez que eu quis que você estivesse perto e dividisse coisas comigo.
"E é pra não ter recaída que não me deixo esquecer
Que é uma pena, mas você não vale a pena".

domingo, setembro 06, 2009

Deixo você ir...

Aqui sentada depois de ter vegetado o domingo todo. Sinto que aquela menina-mulher sorridente não está em casa. Será que ela saiu abandonando-me aqui num domingo qualquer sozinha? Entro na net leio todos os blog de sempre, os sites de sempre, as pessoas e suas vidas de sempre. Procuro um papo bom, um amigo também depressivo numa tarde de domingo pronto para um papo no msn a quilômetros de distância. Ninguém. Só eu mesma pra tirar folga de mim no domingo.
Eu andei abandonando pessoas e relações, queridas e intensas. Eu precisei abandoná-las por mim, por elas. Antes que tudo desse errado, antes que tudo deixasse de ser. Espero que entendam. Por mais que eu não quisesse, e eu não queria mesmo, eu tinha que fazer isso. E fiz e estou sofrendo as consequências disso. Sinto saudades... De algumas vozes ao telefone, de algumas visitas e pitadas de amor aqui e ali.
Mas infelizmente só o meu amor era puro o suficiente. Só o meu amor no fim de tudo existia. E novamente me dou conta que só existia do jeito que eu sentia para mim. Como uma criança que sai de casa aos 11 anos é sequestrada, tem duas filhas com o sequestrador e é libertada 18 anos depois (li reportagens demais hoje) após ter constituído "uma família" e até "afeto". Para o resto do mundo foi tortura, crime e violência, para ela e para as meninas já perdeu essa conotação.
Para mim também é quase isso (em outras proporções é claro) há quem dia que é joguinho, manipulação das boas, que é errado, que não vai dar noutra. Porém, para mim, são amigos que amo que vão embora, amigos que sinto saudades, pessoas que eu adoraria manter por perto por causa do "afeto" da "relação" que tinhamos. Eu nunca soube lidar muito bem com essa coisa de distanciamento. Pra mim sempre foi, olho no olho, dedo na cara quando necessário, um bate boca aqui e ali, conversas intermináveis, abraço e risadinha boba dias depois.
Mas eu cresci não foi? Tenho que começar a agir como um adulto bobo que é incapaz de resolver problemas e por isso foge deles.

obs: não generalizo.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Não deixe que o "pensamento da boiada" faça você perder o rumo

Claro que eu não tenho certeza alguma sobre o que a vida que levo pretende, não conheço o roteiro não estudei as possibilidades, até porque as desconheço. Isso mesmo sigo assim ao sabor do vento...

Porém, e nisso sou bastante rígida, não deixo de saber nem por um momento o que não quero ser ou acabar sendo, o que não concordo e o que não apoio. Não sei onde estou indo, só sei que não estou perdido, acho que essa frase é bem batida, porém é bem assim que me sinto.

Tenho muitos amigos e muita coragem pra afirmar isso, e nós, mesmo com tantas coisas em comum somos muito diferentes. Escolhemos as vezes caminhos bastante distantes e acaba ficando até difícil de marcar um papinho. Essa possibilidade, ou melhor, essa realidade de não ser o outro me conforta. Mas é claro que ando por aí encontrando boiadas, que seguem o rumo do outro a tanto tempo que nunca foram capazes de perceber isso. Difícil né? Imaginar-se nessa posição, essa submissão toda. Mas acontece...
Pois é, o que importa mesmo é o que a gente é, os objetivos que a gente tem. Cada cabeça um mundo, e comigo é assim: cada mundo com seu guia.